Saneando o insano



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Pandemia anomia um vírus essa coisa nem bem couro nem osso nem carne nem planta cristal de centelha anárquica torrando todas as certezas conspurcando os veios da máquina pra libertar alteridades do calabouço impondo a contrassenso o que seria tao natural mas soa hoje  maldição a presença doce ou amarga do outro e suas desgraças sua poesia trazendo à baila as mesmas velhas verdades sempre tão veladas à luz do dia impondo ainda o desgosto como senso crítico resultado da percepção desvelada súbito de um tão insuportável presente no planeta porque simplesmente  de uma hora pra outra por um fato fora do prumo afiado feito lâmina obtuso como soco se põe olhos sobre  um não-futuro que a rigor nunca houve afinal somos-para-a-morte no fim e todo futuro uma especulação  matemática sem lógica a ciência que por tantas vezes tropeça a fé que às vezes alenta mas não resolve a arte que se desespera mas como sobrevivente ativa num campo de batalha não deixa de plantar sua muda no solo árido das probabilidades a ciência tornada  absoluta como única certeza palpável ora se embolando em dinheiro espúrio ora  em políticas estúpidas e sectárias genocidas  a ciência nascida belo intento ora se amarrando a todo momento como o paradoxo de Aquiles aonde a distância aumenta o dobro entre os dois pontos sempre na hora em que se corta a reta pela metade só que nos esquecemos da relatividade dessa verdade a ciência-como-instrumento e meio a mesma física que nos leva aos confins do universo é aquela que ajudou a construir os fornos nazistas porque esquecemos da ética sempre vendida e do outro no meio desse caminho corrido de não-ser nos tornamos  objeto em busca de designação na vida ainda que em curva  equívoca torpe até faltava lembrar somos estes entes de espaços e faltas entes inconstantes feitos de lacunas cujo sentido restaria esmagado caso fosse soberbamente preenchido a evidência o trágico sendo em grande proporção pertencente ao nosso natural de estar no mundo esse rosto que tanto tentou se esconder por tanto tempo tantos esforços  maquiagem da qual o sistema se beneficia sobejamente a cada dia para fazer esquecer o real problema da vida quando vai surgindo uma alienação e apequenando tudo em existências inautênticas maquinais e despersonalizadas de si apenas para manter a nutrição parenteral do monstro como  no livro famoso que virou filme coisa tão batida de saber mas cujo caldo ainda é difícil de transtornar porque consciência do mundo não necessariamente significa pegar na mão da atitude transformadora  e ao contrário do que normalmente se admitiria é o choque dessa verdade -- ser-para-a-morte- realidade mais que real e densa entre tantas outras rarefeitas é mesmo essa porrada na ponta do queixo e jamais o esquecimento dela o que pode fazer  diferença por isso mesmo diante da imensidão alienante das crenças de todo tipo que nos envenenam o que restou de uma possível alma coletiva quiçá tudo isso depois que passar -- e passará não há dúvida -- mantenha-se renovado o germe (sem trocadilho) de uma inédita transformação ora veja esse vírus quem diria tao pequeno e bruto coisa ínfima de nem se notar a olho nu mas que desnuda a ossatura sombria do que nos rodeia a ossatura até do que nos compõe vírus desprezível em seu tamanho e ação isolada mas que rapidamente demonstra  tamanha força quando se interliga estabelece novas químicas e valorações e começa a funcionar no conjunto coligando a potência dos organismos originalmente anárquicos e aleatórios em um novo propósito estes seres perdidos no líquido da vida compostos de imprevisão e descontrole esses objetos não identificados que parasitam a vida, vivem da vida e no entanto não são exatamente vivos no sentido em que concebemos a vida um morto que vive dos vivos  um bicho-zumbi  que bambeia e dissolve as barreiras tradicionais da imunidade adquirida por milênios dentro do próprio corpo-indivíduo logo o sistema imune esse conjunto extremamente complexo e herdado quase perfeito de defesas quase intransponíveis e um virus pequenino infimo invisível que sozinho é um quase nada mas em conjunto ameaça ruir as desgastadas e cruéis estruturas de um outro corpo que funciona para muito além de nós e nos submete uma vez que a pequena criatura carrega em si o novo em seu ãmago uma outra idéia de  civilização segundo as lentes próprias desse modovirus coronado de ver  quem sabe ele o vírus já não existia antes de nós e depois de um tempo latente veio reclamar o que é seu usurpado há milênios por essa nossa raça ocupando seu espaço e nesse caso nós tão habituados a sermos os senhores de tudo que voa nada e rasteja sob o sol mesmo que para isso tivéssemos que dizimar tudo que voa nada e rasteja sob o sol somente agora é que nos podemos dar conta de  que seríamos eventualmente os vírus dos vírus a habitarmos um universo parasitário das outras espécies que nos rodeiam enfim essa coisa que vem soando a própria dor como expansão tendo a  voz e o chicote nas mãos dissolve nossos antigos laços de escravidão e faz questionar valores que nos regulam a vida subvida sobrevida por onde ela se espraia questionando status tendencias costumes o conceito de ciência mesmo temporariamente quando mostra pelos buracos da teia a quem serve na verdade um conhecimento uma ciência que tantas vezes surgiu mais forte e dominada quando o jogo se põs na mesa e o sistema se locupletou por seu intermédio  ciência em si como raiz potencial de liberdade e criação ora na prática conduzida e tornada instrumento de sedimentar ganâncias misérias seletivas e mais e mais irrazão vendendo tão caro seus notorios milagres saber oportunista que surge quando convém e sempre desaparece quando na iminencia de chamar seu nome a natureza se explode, quando a pobreza explode, quando as certezas explodem e junto com ela a própria evidência científica um saber que se quisesse poderia até uns dias atrás gritar do alto do pedestal empirico que possuía recursos tecnológicos suficientes para sanar noventa por cento das outras doenças e misérias residuais endêmicas antigas cessar o excesso das mortes atenuar o sofrimento da fome diminuir a devastação sobre o planeta mas não o faz não o fez senão por uns bons dinheiros que nem sempre vêm à mão ela não grita porque não pode sua voz tornou-se no fim a voz de um sistema a quem serve de olhos vendados um saber-escravo que assina ponto e assenta diretrizes dos seus donos os mesmos não por acaso dos bancos da indústria de remedinhos e das mais sofisticadas e letais armas lembrando ao mais simplório ser letrado sobre esta terra que conhecimento lembrem aprendam ensinem nesta vida nunca nunca nunca surgiu nem surgirá desvinculado de qualquer esfera de poder ela ciência que ainda poderia de há muito  melhorar absurdamente as taxas agrícolas para que o cultivo fosse muito menos deletério às terras e aos animais ao meio ambiente às etnias periféricas otimizando e harmonizando meios e fins para que se usasse muito menos venenos bilionários o pacote incendiário que cada vez mais vai gerar essas respostas globais e sistêmicas até que tudo seja pasteurizado novamente esses desequilíbrios de biossistemas altamente agredidos e invadidos sistemática e rotineiramente diapósdia esbulho próprio da insistente ação humana e é claro todos sabemos ela ciência que possui em seus cofres vacinas para quase todas as grandes doenças endêmicas que incendeiam as periferias do planeta dizimando bilhões de miseráveis ciência que se põe de joelhos por conta de um um vírus que por sua vez aterroriza e põe pessoas em toda parte como efeito do efeito paradoxalmente criando no caminho um outro roteiro permitindo que num segundo de sua ausência no mundo das rodas e engrenagens eles (re) lembrem que eles têm sim uma vida sim (ou tinham, talvez gerações atrás) parece Saramago falando da cegueira no famoso ensaio e as pessoas agora enxergando por uns instantes inadvertidamente é que tomam ciência disso tudo do mundo em ruínas em acelerado trãnsito para a gradual extinção da vida e assim seguem provando o fel do desgoverno que incentiva e acoberta a mais pura ganância e agora seguem enfim descobrindo o mel da forma bonita solidária altruísta contornando os grandes e profundos buracos que há em todo caminho que se pretende grande porque percebem num descuido da faina que há mais vida dentro da vida e que eles é que estavam impedidos de ver seguem bebendo vinho e cantando dos prédios e das janelas alguns sorriem mais para os vizinhos outros trancam a cara a casa as carteiras porque ganham mais medo em vez de se abrir algumas pessoas saem às janelas e batem panelas porque finalmente percebem o maligno de uma política nefasta uma necropolítica de cunho global com amplos vinculos ao sistema econômico que se alastra mesmo contra tantos desavisos panelas que batem e vozes que berram bonitas algumas tardiamente ou não de todo modo enunciando uma forte verdade contra a praga maior que se instaurou assim sem ninguém saber direito como é que bem debaixo do nariz de todo mundo essa politica que fede a coisa podre e já passou da hora de ser enterrada elas pessoas batendo panela agora a favor de algo que presta enterrar a maldição que tomou conta de uma nação  a mesma que governa impiedosamente suas vidas e que já passou da hora de ver  morrer surgem novas pessoas dando um basta aos desmandos enquanto vão aparecendo por todo canto como ossos-precipícios expostos depois da tempestade terremoto tsunami que trouxe lentes mais próximas dos olhos ao demover toda a estrutura do solo e expor as raízes do mal maior pessoas querendo mais vida elas pessoas (re)descobrindo que têm sim direito à saúde direito a segurança ao alimento direito ao espaço físico direito a um trabalho digno e isso se baseia num outro direito básico universal ainda não inteiramente extinto e tão mergulhado no sentido histórico que prova comprova e reprova ao elucidar que ninguém nessa vida pode maisvaliar ninguém sem pagar o preço justo uma vez percebido que a existência de todo luxo e a ostentação supérflua são nocivos em um mundo com tão raros recursos aonde os desperdícios vivem do sangue de mais alguém e necessariamente  parasita outra vida assim como de forma idêntica  um virus parasita o corpo físico hospedeiro o preço nunca foi justo na verdade constroem-se coisas produzem-se bens com a força coletiva mas o usufruto cada vez mais concentrado insuportavelmente fracionado privando o restante do mesmo mais básico de ter o pão na mesa ter água limpa o filho na boa escola ou qualquer outra básica comezinha certeza a verdade lembrada pelo vírus que dissolve além da vida alguns laços pernósticos que a cerceiam o novo vírus fazendo lembrar que o que se paga há muito não é justo e o potencial de troca que se recebe é nada além da comida necessária para a reprodução básica da mesma mecânica a força que vai tocar em frente a cotidiana tragédia repetindo-se por gerações o mesmo ciclo de enriquecimento sem causa o popular roubo quem sabe a gente se lembrando ainda a destempo que  persiste sim uma entidade denominada Estado que só existe e sua maior legitimação de ser é justamente porque em algum lugar lá atrás em sua forma antiga cedemos ao ser conquistados pela violência que em algum momento ofereceu algo valioso em troca da submissão ou na forma moderna permitimos coletivamente que ele existisse quando  no pacto todos abriram mão de parte de seus desejos pessoais e vantagens comparativas  para depositar nas mãos desse monstro Leviatã que pudesses garantir a uma totalidade aquilo que um sozinho não poderia uma certa chance de lidar com o estado de  natureza e entre nós mesmos sem ter necessariamente que destruir tudo  sim o Estado nasceu dessa bela idéia e foi se desvirtuando com o tempo e nem Rousseau conseguiu mudar muita coisa apesar do barulho imenso caiu a ordem pregressa em ruínas mas a nova não se resolveu não se resolve prometeu mas não resolve um vírus que talvez faça antes que se acabe de vez a raça -- sempre há esperança -- com que um outro olhar brote desse chão o mal que seria a essas alturas na verdade um remédio uma panacéia contra a verdadeira praga que é bem outra maior e ridiculamente mais visível a olho nu e ceifava vidas aos milhares aos milhões por distantes rincões de conquistas e esquecimentos a mesma praga cotidiana que já ceifava o equivalente a mil coronavidas por segundo fora do grande círculo dourado dos mapas mundi mas nunca foi muito notada antes o vírus velho preexistente da fome da miseria da exploração sistemática e cruel sendo a humanidade em sua maioria um tipo de doença meio sem cura o virus talvez sendo até mais justo e imparcial em sua certeza estratégica dura o vírus que não cede ao preconceito de classe e é universalmente mais democrático em seu arraso dizimador enquanto se multiplica zombeteiramente o vírus em sua essência de pura brutalidade e sua missão em certo grau civilizatória em meio à mais intensa barbárie que nós mesmos perpetramos contra nós e contra tudo que vive ao redor um vírus  professor  que não é magistrado pois ensina sobre a morte mas não aponta quem é que deve morrer deixa isso para nós mesmos e nossas constantes bizarrices o resumo de uma  época  que a partir de agora terá outro marco zero e para ser mais sensato um  sonho impossível a essas alturas de que ficasse só o susto do vírus como seria bom se essa lição tão forte se aprendesse de graça e nos instruísse o pensamento alimentasse o coração e não morresse mais ninguém por conta dele nem velhos  nem jovens nem crianças inocentes que sequer uma vida a mais fosse necessária para escancarar em essência os valores decadentes pregressos  não fosse a perda de vidas  -- e nós somos especialistas por aqui nos trópicos em perder vidas como ninguém perdemos meninos e meninas nas comunidades todo santo dia um coronavirus italiano por mes de meninos negros  perdemos para a fome e a pobreza varias italias por dia e perdemos para a ambição do mercado muitos pajés curumins e guerreiros  -- não fossem essas perdas nunca justificáveis o vírus seria santo e mereceria uma estátua talvez um bicho que se dispõe a crescer por sua própria sede de vida e como efeito colateral dissolve súbito o mercado de escravos mereceria ser lembrado por mostrar a qualquer mortal com um pingo da mais rasa inteligência como são todas as redes se malhas e códigos tão bem escondidos do sistema e que apenas nessa nobre missão já acrescentaria mais à contemporânea experiência humana que muitos manuais de autoajuda política mais que os custos malignos de uma fé que em alguns casos exala torpeza e desvia o que é humano da nobreza em vida do seu própósito possível mais que as certezas que abarrotam os bolsos dos economistas que enriquecem bancos pelo sangue de trabalhadores e que isso hoje é o que  mais tem por todo lado todo um vírus que talvez consiga uma união impossível até agora no momento em que a coisa maligna mais aperta e nós todos ameaçamos unir forças contra o mesmo mal pois todos sabemos exatamente qual é no passo seguinte quando é preciso o desígnio a construção do novo e ainda assim todos batemos cabeça e ninguém fala a mesma língua nessas babéis cotidianas a que o próprio sistema nos refuga porque até isso é tática ensaiada para desagregar e assim seguimos sigo seguimos sem conseguir transformar e no aguardo de mais uma nova série de engodos a ensejar a sombra de uma mudança real de formas e propósitos chegava talvez o momento de abrir mão de vaidades pessoais de todo tipo e orgulhos bestas e conseguirmos pautas de afirmação da vida em primeiro lugar uma idéia de coletividade que não alijasse mas antes vitaminasse o indivíduo no seu potencial a certeza mais visceral de saber-se a essas alturas que não há doravante qualquer possibilidade de vida num sentido mais pleno e mais nobre que a palavra enseja e nem qualquer esperança de que isso possa se desenvolver dentro dos limites do capitalismo em uma de suas muitas variantes seja do nosso modelo latino em comum com todos os países do bloco ou dos modelos mundo afora  a única diferença nos privilegiando porque somos materialmente mais ricos que os vizinhos mas assim como eles a ladeira nos aguarda logo ali a frente desde essa nossa desgraça em sua forma mais bruta de capitalismo selvagem e injusta ou na condição de vítima contumaz da via mais predatória presente de forma tão cristalina nas mãos dos americanos que conduzem a politica pelo planeta ou ainda quem sabe nas mãos aparentemente limpas da mãe Europa limpas porque tão bem disfarçadas  mas historicamente sujas do sangue de todas as etnias e nações trucidadas pelos europeus não há sistema existente que dê conta se o mercado continua a reinar não há social democracia que resolva não há direita esclarecida liberal que valha todos tiveram a chance e falharam ruidosamente o mundo caminha a passos largos para uma dolorosa extinção seja por guerras pela fome ou a peste não é ser pessimista não é ser panfletário nada há de maior pessimismo ou panfletário do que advogar em prol de uma ordem decadente  e imaginar que tudo será o mesmo ou antes que a política e a economia mundiais deveriam permanecer as mesmas depois de tudo não há repito porque isso precisa ficar cada vez mais claro e bem disposto no fundo de cada um de nós a vida não é já não era não será mais possível na escala em que se encontrava presa entre os escombros de um sistema que não a respeita não haverá mais mundo possível se o Estado não for retomado e refundado em uma nova ordem onde a coletividade tenha mais força e nessa força mais sintonia com um viver maior engana-se ou cultiva ingenuidades quem vê na coisa toda apenas mais um fato aleatório de epidemia transnacional ou que termo valha o vírus em si ou sua forma de contágio planejado ou não o fato é que a existência da doença pôs e põe em pauta de forma irrefutavelmente óbvia todas as fragilidades que governam os países no fundo sendo um só sistema com variantes de tom e cor mas onde invariavelmente todas as pessoas pobres estão fora dos cuidados e das benesses  progressivamente concentradas nas mãos de cada vez menos e essa sim a grande tragédia sem qualquer relação com a doença ou o inocente vírus que apenas expôs à luz do dia as incongruências e injustiças que povoam o sistema em sua gênese a tragédia dessa pandemia não é tanto a existência do mal em si coisa que poderia existir também num  cometa perdido num terremoto qualquer iniciado por um vulcão adormecido que voltasse a cuspir fogo ou até num tsunami de dez metros de altura que dizimasse toda a costa leste do atlântico saindo dos Estados Unidos ao Estreito de Magalhães mas a grande tragédia e imperdoável é saber que uma vez surgido o mal a resposta seja assim tão desproporcionalmente e gananciosamente aplicada levando-se em conta apenas as contas bancárias e as chances de sobrevivência administradas pelos próprios donos do sistema chegava a hora real de dar uma virada nisso evocando todo tipo de forças de saturação e revolta a revolta sendo sim como dizia Camus o ponto mais alto e legitimado do homem que age nessa Terra nessa  história a nossa história evocando autores pensadores artistas e todo mundo que um dia quis mudar o mundo pra melhor  lembrando todos os autores nobres desde Platão e Aristóteles a Hobbes e Locke sem esquecer Rousseau passando da hora da virada total de mesa e nessa virada alguns de nós que não se encontraram plenamente representados em nenhum sistema político ou existencial que tenha sido inventado nesse planeta mas abrindo mão de particularidades menores para que possa fluir uma ordem maior e mais benéfica à vida seu maior suporte eu mesmo antes católico depois budista depois marxista depois social democrata e hoje tão cansado arraigado anarquista defensor de uma liberdade existencial absoluta que cada vez mais se perdeu e  só existe é nos filmes livros e poemas vou aqui abrindo mão desse anarquismo charmoso e tentador e tão pouco produtivo na vida real prática tão destruída do meu ao-redor quando vejo e esse ver é sempre uma pontada de flecha na alma quando vou percebendo que é cada vez mais desse fracionamento e aniquilação dos potenciais destruidores de suas correntes que ficam resguardados em seus castelos é cada vez mais desse isolamento das vozes contrárias é dessas ausências que vai  engordando o sistema capitalista a herança mais odiosa que já surgiu sobre a face do planeta e que a cada dia se nada for feito e se esse fazer sem dúvida é um fazer coletivo que pressupõe abrir mão em algum grau de sua excessivamente particular visão de mundo para abraçar em conjunto visões compostas igualmente de sonho e ideal posto que somos feitos de abstrações e carnes somada a imaginação e praxis transformadora  e desta posição é que se vislumbra que só assim será possível numa outra paragem imaginar a vida viável possível aumentada em sua intensidade uma vida mais justa mais harmônica que em momento algum terá ceifado seu lado trágico ou se alienado para as dificuldades previsíveis no caminho posto que somos filhos do trágico e da dor e não do amaciamento dos sentidos e sabemos de cor  toda essa realidade convulsionada e caótica sendo o caos e a convulsão muito mais a lei geral da vida do que estados de exceção artificiais paradisíacos e inventados para quem como nós não se resigna ao pensar simplificado mas é porque foi chegando e chegou o momento onde não se pode mais fingir que o real problema não existe o vírus sendo apenas a casca do que vai por baixo um momento metáfora do que passa e passará mas teremos que saber coletivamente de nós mesmos se gostaríamos de viver em uma sociedade composta exatamente de tudo aquilo que tentamos superar ou imaginar uma outra realidade uma sociedade onde de fato o social possa ter precedência sobre o desastre que tem sido a ingerência absurda de indivíduos insanos tudo isso recente ensejando mil e uma leituras sem um final ou pretensões mas no fundo lembrando um filme que é também um videogame  esse Resident Evil às avessas  onde ao contrário do tema original do filme na tela um vírus agora é o que faz no nosso mundo os zumbis reais voltarem a ser gente enquanto não se chega a uma vacina que será orçada em tantos bilhões sempre deixando a África por último na partilha é claro e enquanto não frustramos expectativas de uma humanidade renovada aguardando as mesmas velhas potências voltarem à sua antiga luta por novos territórios colonizáveis das pharmacêutica$$ trilionárias com o procedimento também escancarado há vinte anos por outro filme "O jardineiro fiel" sob o silêncio dos trovões midiáticos do globo só porque  lá era na África longe do mundo e desde o Ebola o fundamentalismo religioso a guerra civil até a mais pífia diarréia por água contaminada  cinco décadas fazem a cada semana meia dúzia de Itálias em seus mortos desconhecidos de pele nada branca lá onde vidas não importam sejam animais ou humanas agora não soam mais porque o Tio Sam Chinas Japas e a velha Europa já disputam as credenciais e direitos autorais da vacina contra o mal que ameaça todo mundo ameaça mais ainda ao sistema se manter de pé esse trem se desenvolvendo sem controle agora que observe-se lá no fundo será que não tenha sido isso  algo plantado ou vazado por alguma entidade dessas de vanguarda na guerra biotecnológica onde tantas distopias na tela ou fora dela previram que seria o fim da raça e da civilização enquanto proliferam as teorias de todo tipo faltava mesmo pra ser decente em terra de distopias e Resident Evil eram os grandes olhos de luz de Alice iluminando toda a cena enquanto alvejava aquele monte de zumbis alucinados com uma dose de vírus em cada bala com a diferença de que agora os  zumbis que fossem atingidos na cabeça ganhavam o passe de volta a uma verdadeira vida despertando para o que antes não viam e deixando de ser zumbis e seguindo curados por um remédio que enfim erradicava a cegueira coletiva e abria as portas ao desvelamento de um outro ser.