Susto

 


Susto!

Nada, era nada, um pulso 

Rápido, corisco sem guia

Dos olhos ao estômago 

Do estômago ao coração 

Do coração ao cérebro 

- sempre o último a saber de tudo --


Entre cinzas e buzinas 

As luzes já vermelhas de tudo à tardinha

E me surge a criatura no canteiro 

em sua solitude eloquente 


Descrente -- ou entediado -- 

das tardes na cidade não reparo

Mas a coisa não sossega na retina

e insiste em repassar a imagem melhor

até ser percebida, até explodir


Nessa descontida pincelada

de sol-em-concha-de-mãos

trazida com cuidado à boca


Não há pessimismo que resista