Postagens

Mostrando postagens de maio, 2015

Os tobogãs de agosto

Imagem
Peito aberto na chuva Na fuga da tarde Matar aula,  aventura Que nunca tem idade Duas rodas sobre o morro Espírito, velocidade Luzes, Exposição Na feira da cidade. Gostando dos pingos  Batendo no rosto Os ventos de agosto No alto da colina Na boca, o gosto ainda doce  Os beijos daquela menina. Chicletes, música boa,  Balas de hortelã e adrenalina. Parque da festa, de diversões Gente modesta, maçã-do-amor. Meninos pequenos, meninas-com-as-mães Bate-que-bate , meninos-carrossel "Moço, um ingresso!", uma entrada pro céu Roda que gira, gigante-que-bate Gira-que-bate essa roda de parque Festa do povo, cheiro de pólvora Crianças que rodam Traques-rojões Túnel do amor, trem do terror É festa na cidade do interior. Montanha-russa, algodão-doce Crianças adultas, adultos –crianças Ingressos pros sonhos Cavalos e cores girando Em um mundo de sonhos Fantasias, pipoca, choro                       E muitas lembranças vãs Memórias de alg

Rimbaud

Imagem
"Detesto todas as profissões. Mestres e oficiais, todos campônios, ignaros. A mão que empunha a pena equivale à que guia o arado. - Que século manual! - Jamais me servirei das mãos! Depois, a domesticidade leva demasiado longe. A honradez da mendicidade exaspera-me. Os criminosos repugnam-me como castrados: quanto a mim, estou intacto, e pouco se me dá..." ----------- (Rimbaud) Por que se escreve? Para quem se escreve? Sobre o que se escreve ? Destoando intencionalmente da provocativa chamada ao  engajamento proposto por Sartre, entendo que e screver é nada mais do que mirar-se em espelhos.  O impulso de pegar uma caneta, um lápis, um teclado ou um giz e sair rabiscando raivas, desejos, frustrações, impressões, histórias inventadas ou acontecidas, pode surgir pelos mais variados motivos. Talvez por uma necessidade primordial e inconsciente de tentar ser lembrado, aquela noção de não passar pela vida incógnito, ou quem sabe, de poder perpetuar-se no

Elvis

Imagem
Naquela época todos gostavam de futebol, pipas, carrinhos de rolimã e bolinha de gude. Eu gostava de tudo isso, é claro, mas amar eu só amava mesmo Elvis Presley e queria ser igual a ele quando crescer. Cantar e encantar o mundo inteiro com uma incomparável voz capaz de enternecer uma velhinha nos seus noventa anos ou uma criança recém-batizada, e ao mesmo tempo com aquela atitude rebelde-heróica hollywoodyana dos filmes de sessão da tarde capaz de enlouquecer todas as mulheres.  Aos oito eu já adorava Beatles, curtia Raul, estranhava Mick Jagger e ouvia meio sem permissão do vizinho uns acordes de Panis et circenses, daquela turma genial de Sampa. Mas Elvis era diferente. Era uma verdadeira síncope, uma espécie de incorporação metafísica ("dos infernos", segundo dizia minha avó materna) que me acometia quando eu assistia aos filmes ou ouvia o primeiro compasso de "Blue suede shows", "Hound dog" ou "Jailhouse blues". Aquele som começava