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covid season, may, 01. 2020

Quarenta e cinco dias do ano Covid-19, oficialmente sem eu botar os pés na rua. Sim, porque andar de carro não conta, e mesmo assim foram poucas as saídas em quatro rodas, sempre fechados dentro da célula mecânica, apenas fotografando o universo fragmentado ao redor. Vidros herméticos, ar-condicionado na posição círculo interno de ar, máscaras. Ver como a vida ia lá fora, longe da tv. Pra dizer a verdade, imaginei que o universo visual ao redor estaria mais dissolvido e fragmentado a essas alturas, imaginava ver alguma coisa entre a situação do Will Smith em "A Lenda" e do Mel Gibson no primeiro  "Mad Max". Pessoas brigando por água e gasolina, calangos disputando a sombra na seca depois do grande cogumelo de luz no céu, todos com armas e engenhocas  misturando a técnica com a pré-histórica luta pela sobrevivência, edifícios rachados e abandonados, plantas tomando as ruas, bichos felizes habitando um maior espaço e a erva pocando  calçadas para reaver o que na v

Os Hippies estão chegando

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Para Raul -- Deus é mais! Os Hippies estão chegando. Era com essa sentença de morte e fazendo em nome do pai-do-filho-sprítsantamém que minha tia profetizava o fim do mundo bem próximo, nas vésperas do festival da canção que estreava  em nossa pequena cidade . De sua casa, situada num dos pontos de maior movimentação por aqueles dias, punha o olho em tudo que acontecia ao redor, ladina e alcoviteira como o mais puro estereótipo das tias velhas. --É coisa dessa faculdade aí, depois que veio pra cá. Antes não tinha disso, esse monte de cabeludos maconheiros, um bando de jovem tudo perdido sem deus, dormindo feito bicho em barracas, só viajam de carona e mochila nas costas, vivem sem tomar banho e com aquelas fieiras de miçangas e arames lá no Centro, o cheiro de mijo e  de incenso empesteando tudo. --A filha da cumadi fulana bem fugiu com um cabeludo desses mês passado, ninguém sabe onde está. -- O filho de cumpadi sicrano deixou o cabelo crescer, falou que quer mudar de

O Domador de Ventos (Ensaio do vôo enquanto coisa)

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Tarde vento, sol a pino                                                                                       o elo: a seda , a cola                                                             e um menino entre o morro e o mundo a empinar pipas alinhar vidas e sustentar o vôo em asas translúcidas de céu seco em azul de pura ventania.                         Pilotos veteranos se aprontando para os  duelos. Curumins na arte de planar quedam-se na beirada do campo para apreciação. Enquanto a vida ainda não vale, os menores arriscam jerecos de papel comum de página de caderno ou  de pão. Levantados ao baixo do ar com muita correria e empolgação,  po