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Mostrando postagens de julho, 2015

ENSAIO: Amor e sofrimento no "Werther", de J.W. Goethe

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"Ah, se pudesses expressar tudo isso, se pudesses imprimir no papel tudo aquilo que palpita dentro de ti com tanta plenitude  e tanto calor, de tal forma que a obra se tornasse o espelho de tua alma, assim como tua alma é o espelho do Deus infinito".... ("Werther", J. W. Goethe) "E se adormecesses? E se, no teu sono, sonhasses? E se, no teu sonho, subisses aos céus e ali colhesses uma estranha e bela flor? E ainda se, ao acordares, tivesses a flor na tua mão... Ah, como seria, então?" (S.T. Coleridge) O que não se faz por amor? Até onde se pode ou se deve ir quando se ama? Onde está o sujeito ou o objeto no meio da sublime sensação quando ela ocorre, tornando por vezes seus onipotentes atores em meros fantoches e objetos nas mãos de forças que surgem e se desenvolvem à margem da simples razão humana? Aonde se erguerão agora os conhecidos e duros limites do mundo físico que de repente parecem se dissolver no próprio ar? Existe diferença significativ

Terra dos justos

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  Coletivo sacudindo nas vias urbanas, por volta de 7:30  da manhã de uma quarta-feira e Alzira  já estava a bordo, carregando no colo um vaso de plástico preto, cheio de cravos coloridos. Ela é morena, aí pelos seus sessenta e poucos, baixa e circunspecta. Seus óculos de lentes grossas escondem olhos tímidos e um olhar perdido nas paisagens lúcidas de abril que passam pelo vidro lateral do ônibus. Quando não olha para fora, mira apenas seu vaso de flores, alimentando-as com suas expectativas. Não é dia santo nem finados, não é feriado, não é nada, não é nada... Mas hoje completa o primeiro ano da passagem do Reginaldo.  Segue o ônibus pela via, sempre com aquela delicadeza habitual dos motoristas modernos. A cada novo ponto, pára bruscamente, acelera até o máximo de primeira e segunda marchas, então subitamente pára de novo, metendo o pé no breque e sacudindo os passageiros impacientes que reviram o estômago antes das 8 da manhã. Uma buzinada daqui, uma reclamação de um outro