Nada a celebrar, na escrita Nada a sobejar em vaidade Muito a exasperar, talvez Pela fragilidade da coisa toda Pela potência da coisa toda Vivendo fora do texto, desapareço Retorno e não sou outro, sou o mesmo Talvez pior E não amadureço jamais Descubro na escrita que existe algo em mim incapaz de aceitar que sou adulto : do tédio ao sofrimento, do sofrimento ao tédio. Recuso Digo logo: fui lá, vi e voltei. Não gostei do que vi e me tornei uma espécie de resistência heróica contra o fado e muitos da minha própria safra, que se renderam fácil demais, cedo demais. De meninos se verteram em anciãos do pensamento e dos sentidos na meia idade sem quedar-se o tempo suficiente de serem homens. Esperança lhes resta ainda se, quando em-velhos, a sabedoria os resgatar tocando-lhes uma meninice tardia Ao contrário do que imaginava, não é por acaso que tal coisa aconteceu: eu me recuso conscientemente a adultizar e a palavra amadurecer sempre me fura a pele Sou a criança peterpani...