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Mostrando postagens de maio, 2010

Palavras em febre

livres da lida, a queda de não pertencer aos espaços vazios nem solo nem arcos, tampouco anima titubeando linha acima sem ter um talvez saber a vida nonada, sem horas não aparecer colo, carinho, calor você a você silentes de calvas, os circos na festa, na dor de querer -não- querer vicissitude, vontade perfeito sabor rito que dita a fuga amor desamor soltos a viver navios viagens , imensidão ritos extravios de amarga prisão nuvens, névoas, sombras ebulição da alma sobre as palavras sobe a palavra desce a alma perde-se a alma ícones e signos perdidos loucura da velha que grita a despeito da morte

Entrevista

Marcos Silva Oliveira* O escritor Franco com todo o aparato da fotografia em Parati com a objetiva focada nos casarões antigos e na paisagem, no bucólico das ruas, com toda aquela gente a transitar interessada na literatura, o pessoal do programa de Tevê “ Entrelinhas ” a entrevistá-lo... Enquanto fotografava as perguntas eram feitas... O motivo de estar ali, seu trabalho, o fato de ser reconhecido como escritor por todos os presentes – dizia tudo. Recordo três dias depois o programa da Tevê “ Entrelinhas ” apresentando as respostas objetivas do Escritor Franco e suas fotos em cortes da cidade de Parati, colorindo o calor de sua conversa descompromissada da entrevistadora. Achei belo este recurso cênico. Escritor interessado em fotografia, desde então, pareceu-me elegante. Escrever foi dito por Franco ser entretenimento e arte ou uma viagem sem compromissos, livre de propósitos, mesmo o papel alegórico da arte, colorindo nossos dias fúteis e sem alegria – ent

Playing with fire

Melancolia , companhia Uma suave melodia Tédio triste, fuga Da rotina Essa lua enorme a me olhar estranho Sobe a noite, cai o dia Não sei pra quê tanto brilho Esse desencanto tamanho E aquele ar blasé sobre a humanidade Angústia é querer voar, Possuir asas A energia de um vulcão ativo E as unhas roídas de não saber para onde Sem saber nunca para onde Sem nunca saber Sem saber das asas, Batendo de ansiedade Angústia é esperar demais para agir E a nítida sensação , depois, De que se deveria ter alçado vôo Enquanto se podia Depressão, esses sapatos de chumbo Essas cortinas da sala sem sol Fechadas em torno de si Essa ausência de luz O cansaço, as correntes atadas às pernas A necessidade da sombra A ausência de comunicação A ausência do movimento Semente plantada que nasce para dentro Na escuridão Essa sensação familiar De que o mundo é algo entre o estômago e o pulmão Esse equilibrista numa longa corda Sobre o abismo que é viver

Corações Selvagens

Clara, Clarice, uma luz Um clarão O som, a palavra O dom De ser um Guiando por sorte O cego ao redor Da Meca sagrada Na busca imortal A mágoa, a sina A dor vai além Vontade, angústia Tentar ser alguém O peito se abrindo E o mundo também Casa é a vida A lida que faz Imensa a alma As chamas que vêm Vida é via Feliz quem não ilha Rimando dor e cor Rimando cor e amor Ser e surgir Adeus com retorno Fazendo do talvez O espaço do sim Tornando o humano Possível senão Fazendo do humano Que não seja em vão Clara minha cara Clarice Um clarão

Flying Bag - American Beauty

BELEZA AMERICANA Quem não viu Aqueles pequenos espíritos elfos da floresta tomando sacolas de espanto pelas ruas ? Fazendo-as voar sozinhas durante segundos no vento segundos dançando que pareceram na verdade horas um espetáculo da vida a brincar com esse espectador solitário O ser a espreitar pelos olhos do pássaro morto como se algo além da própria vida a verdadeira vida mirasse diretamente nos seus olhos e lhe dissesse que tudo possui um sentido oculto mas que não é preciso ter medo um sentido oculto que se revela nesse instante nesses elfos que brincam por trás das coisas Seu maior segredo é simples é mostrar como toda a vida se sustenta dessa beleza frágil e única desmedida, plural que causa tanta dor e desespero a quem a percebe

DIÁLOGO SOBRE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Por Marcos Oliveira * Arte é fúria, tamanha sanha! Arte é tensão! Para a satisfação! Tudo cor! Arte é lúdica Joga e Traquina, Bate na Poesia! Arte é ânsia! Projeto toda hora A possibilidade! Da cor dos dias O azul e o branco! Arte é livro Aberto para desejo! É gênio Clássico: Ciranda brasileira! Esta mesa Repleta. Sentados os convivas! Nós "iniciados..." Marcos Oliveira é Filósofo . Homepage: http://www.marcossilvaoliveira.blogspot.com/

DISTOPIAS COTIDIANAS: MATRIX , ALICE E OS PARADOXOS DE SER CONTEMPORÂNEO

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Lembro-me, nostálgico, do conceito de futuro exposto por  Fritz Lang, no filme cult "Metrópolis", realizado há quase cem anos... A coisa toda ficou bem pior do que o gênio alemão poderia supor. A sensação claustrofóbica e a vertigem  de estar de pé em um planeta que parece girar cada vez mais rápido, num universo em contínua expansão, a sociedade pós-industrial  criando e destruindo referenciais com tamanha facilidade e volume que torna impossível a qualquer mortal assimilar a quantidade e a qualidade de informações julgadas necessárias para a sua vida. Situação de perda, que gera um certo descontentamento ou frustração diretamente proporcional à escala em que as próprias notícias, a tecnologia ou o conhecimento são produzidos. Ou seja, quanto mais informação, maior a tendência a uma relativa perda do referencial, e maior a sensação individual (em alguns casos coletiva, quando atinge determinados grupos) de perda, de incompletude, de infelicidade, enfim, de que está f

Só importa a arte

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Um propósito Se a pópria luta é farsa disfarce, passatempo? Uma conquista se o próprio conquistar é cena e contemplação da cena? Um objetivo , afinal, para estarmos aqui para estarmos assim pouco adianta No caminho de ser só importa a arte só importa criar sentido é criar propósitos conquistas objetivos passatempo, enfim digno de se estar vivo

Sangue de vinho

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Vindo ao mundo. à vida Tinto de faunos e ninfas Testemunha de tempos distantes Esta seiva mágica, inebriante Mágico licor, mágicos sentidos Despertados agora Do estado adormecido Este perfume sem igual precioso, especiarias o amassado da uva e o fermento Esta taça que brilha Nessa vermelha escuridão Musas, deusas e Dioniso à frente Comandando a procissão Efeitos mágicos desse Mágico licor A sorte de ser humano Desde remotas eras Guerras, f estas, banquetes, casamentos Ritos fúnebres, nascimentos A paz, quando acontece Amigos celebrando a vida Solidão acompanhada De uma única taça Num cantinho escuro do bar Naquela tarde cinza De inverno Alma e companhia, esta taça Perdidos amores Histórias milenares pra contar A sorte de ser humano E provar por um instante Do gostinho da eternidade

A pontada do eterno

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(por Marcos Oliveira) Estas frases cravadas Na concha da cabeça Do poeta buscando A poesia e os encantos. Momentos sublimes Que recordo em vida Neste emaranhado confuso. Pertencem à humanidade; Tesouro que reconheço Para prosseguirem Em caminhada. Cada ser que me habita Pertence à dor dos deuses: De prometeu e dos heróis. Da nossa raça persistindo No trabalho poético Limando o verso. Cada lugar que habitei Os beijos da musa Renovaram meu ser de Poeta. Esse estranhamento O afastar-se do mundo: Tornaram-me puro Ideal e idéia. A Pontada de eterno Em minha alma vaga Açambarcou o sonho nosso. Eternamente estaremos Ébrios de poesia!

Aurora (temas e tramas do pensamento ocidental numa abordagem não-linear)

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Há cerca de três mil anos, enquanto no sul da áfrica algumas tribos guerreiras soavam seus tambores de pele no frenesi da batalha, na luta pela sobrevivência, no extremo oriente vivenciava-se o início do fim de uma fantástica civilização milenar e a américa ainda permanecia o paraíso perdido, nem sequer sonhado, assim como a Oceania. No centro do mundo, Heráclito, o grego, sob o signo do deus Apolo, começava a história do pensamento ocidental, descobrindo sua verdadeira essência, que é o contínuo movimento de superação dos contrários, esse rio eternamente fluindo; brigou com seu arquiinimigo Parmênides, no terreno das idéias, pelo domínio do conhecimento mais importante da Helas antiga: ou tudo está em constante movimento, nada permanecendo o mesmo, sendo a constância e unidade as exceções e a impermanência e a fragmentação a regra, ou, no sentido inverso, como queria o grande Parmênides, o ser é completamente imóvel, uno, sendo o movimento e a transição ilusões de perspectiva dos pobr

alucinação

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Eu caminhava por um corredor de árvores imensas e pedras lisas, escorregadias, subindo uma montanha fria e cinzenta entre neblinas, e nele me via, de fora, como uma sombra. Meus passos eram somente marcas hesitantes, ecoando em meio à escuridão da eterna noite. Por onde eu passava, algumas vozes atrás me chamavam, estridentes e repetidas como o latido dos místicos cães noturnos. Eu olhava e não via; queria correr, mas não podia; somente andava, apoiado nas pedras, com um pedaço de pau. Apesar do esforço, eu nada mais sentia, a não ser a mim mesmo. Irradiando ausências... Silenciando pretensões..... Súbito, cheguei a uma pequena vila, encravada bem no topo da colina. Estava deserta, as casas abandonadas às pressas. _Olá!.. _ eu disse. E uma luz se acendia, tremeluzinha, do outro lado de uma janela a me espiar. Olhos incrédulos e brilhantes me assistiam, mudos. Olá!... _insisti. Então uma porta imensa se abriu do nada às minhas costas, num estrondo , e finalmente pude ver: eram milhares