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Mostrando postagens de abril, 2011

Sobre Aeroportos e Saudade

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Por Antônio Rocha Neto * Gosto muito de ficar zanzando em aeroportos. Lugar de chegadas e partidas, acolhimentos, despedidas, lágrimas de quem parte e de quem fica, de quem regressa, abraça, beija, chora e se espanta: “como esse menino cresceu!” “como você está linda!”. Faixas de boas vindas, de felicitações por conquistas, tudo isso me entretem, me diverte, me emociona e me leva a pensar na dádiva de nossa constitutiva e abençoada finitude. Sim, abençoada. Imaginemo-nos imortais: como seriam os saguões de embarque e desembarque dos aeroportos se, por exemplo, quando um filho nosso vai estudar noutro estado ou país, não nos assaltasse aquela estranha angústia de perda, aquele inquietante sentimento de “talvez última vez ...”. É a consciência de nossa finitude que nos emociona nas despedidas e nos enche de alegria a cada retorno que se realiza, e justamente porque está se realizando algo cuja realização era desejada, sonhada, esperada ... mas incerta.                                   

Que presente é esse?

Otimismo, coragem , alegria não são apenas palavras; são atitudes fundamentais de vida, sem as quais o viver se apequena, não ramifica nem lança suas sementes. Não se trata da tolice cândida de pensar superficialmente que sempre há um lado bom , ou como Leibniz, que vivemos no "melhor dos mundos possíveis", eis que o mundo realmente é cruel e trágico, sendo a vida uma  minúscula e bela possibilidade dentro de tudo que rege a matéria nesse universo desconhecido. Nosso destino era sermos somente minerais, partículas brutas ligando-se somente por razões quânticas, sem mais. Mas daí surgiu a vida, meu senhor. E tudo mudou de figura. Coisa mais inusitada e improvável.... a vida.... o orgânico, pela primeira vez, combinando partículas improváveis em situações inusitadas, rachando as montanhas de fogo, pedra e água na infância dos tempos. Fazendo-se luz em meio às trevas, e possibilitando à vida seu legado, a sabedoria misteriosa de sua duplicação mágica e a perpetuação de suas

Brincando de Deus

Então, o que restou ao homem quando soube da morte de Deus? Todo o seu teatro, toda sua representação, a maior delas, ruindo assim, por terra, e a nova vida tentando renascer sem ícones, ou quem sabe, à procura de novos... A ciência, que há muito espreitava, foi enfim chamada a ocupar o enorme espaço vazio, o vácuo representado pela multiplicidade de perguntas sem respostas que se acumulavam a cada dia. O vácuo representado por milhares de vidas, assim nascidas, como tudo a que a natureza dá à luz, sem sentido humano, a não ser o inventado. E ainda hoje esse saber tenta convencer pela atuação resumindo o nosso discurso, não o único mas o mais reverenciado no palco de horrores a que todos assistimos, mudos a nova era se desenhando, sem o mal e sem o bem, apenas frias máquinas de pensar ausentes de cores exercendo seu mister a quarenta graus abaixo de zero. A religião, como coletivas amostras esparsas de um discurso vazio que há muito se perpetuava sem porquês refu