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Mostrando postagens de maio, 2011

Náiades (Ou: O tormento de Ulisses)

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De repente, esse som indescritível flutuando no ar de uma loja de cd's qualquer, numa noite perdida de quarta.  Algo que chama sua atenção , o agarra e  transporta daquele burburinho caótico  típico de todos os shoppings, cativando-o de tal maneira e fazendo-o sentir que, dali em diante,  nem sua percepção musical jamais será  a mesma , nem aquela loja será lembrada somente como mais uma loja. ------------------------- Sonâmbulo Céu/Sérgio Machado/Bruno Buarque (CD Vagarosa - Latin 2009) Numa espécie de limbo O sonâmbulo anda feito pêndulo Ora pende dormindo, ora pende contra o tempo E faz deste inimigo, atrasado, correndo Justifica um vazio interno, imenso Fugas mentais ocupam os pensamentos E se torna incapaz de ocupar a si mesmo  TVs, zines, jornais, químicas num intento Bloquear os canais Domesticar seus anseios Que é bom desconfiar dos "bons" elementos Feito histórias de Moebius vão tirar sua visão E te dar olhos passivos adequados ao padrão

café da manhã

Sobre a pergunta que me fez ontem, e se a vida fosse esse jeito diferente de brincar de ser sério? Se eu estivesse num dia bom, e conseguisse deixar de lado esses péssimos humores matinais que naufragam com a minha existência antes das dez da manhã, talvez eu lhe respondesse , sem espanto, entre um gole e outro desse café amargo, que minha única seriedade na vida foi pensar, por um instante, num sentido amplo, cristalino e tangível para todas as coisas. Uma amarração dos objetos e seres e suas histórias num emaranhado inteligível de palavras explicativas, algo denso e ao mesmo tempo vivo. Não há como não falar nessa obsessiva, incansável, atávica e auto-iludida necessidade humana (que é claro,é a minha também) de ter que racionalizar os acontecimentos, como crianças em suas primeiras leituras, procurando qual a lição da historinha que acabaram de ler. Essa ansiedade pela unificação lógica entre o pensamento e as coisas, entre o mar de subjetividade que me permite ser o que sou e me

seguindo o trem

sigo matando sigo morrendo cada dia um pouco e no espaço em que lhe escrevo esta carta não há consolo não há reparação que possa desencontrar o destino certo da solidão tudo o que eu tinha era somente sua vaga lembrança entrecortada entre garrafas vazias entreachada naqueles rascunhos  no chão amassados de tocos de lápis mal lapidados, papéis mudos exterminadas plantas antes de vingada a semente sigo na linha desse trem, tropeçando enquanto penso se ainda posso alcançá-lo nado contra as correntes que nos destinam outras margens que nos desviam de nossos reais propósitos que nos fazem pensar que tudo na vida é igual e que por nada vale a pena lutar de verdade cuspam-se as implicações dos cíclicos pensamentos não há que se digerir tudo o que se come, afinal

Alice

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http://www.youtube.com/watch?v=Xq0TmSV5PB0&feature=related Amizade é um lugar ao sol ocupado por mim e por você encontra-se fora de nós mas pertence-nos  igualmente, sem se deixar arrebatar Não uma pessoa, não um objeto é calmaria e terremoto, é contradição sujeito autônomo de si mesma e ao mesmo tempo relação Amigos (e eu que não os via há tanto tempo...) a saudade chegada numa só vez, no tapa de um só dia acumulado de todos os anos faltava em mim, nesse vácuo ocupar aquele espaço que só sua presença calaria aquele espaço que é na verdade uma terceira pessoa entre eu e mim, um outro necessário impedindo que me perca