LÓGICA DO SENTIDO

Por Marcos Oliveira


Lewis Carrol é o explorador da superfície. O pensamento da aventura de Alice no País das Maravilhas. Alice é um sujeito sem determinação, uma mônada simples, alguém que promove a aventura do outro lado do espelho para se constituir feito sujeito, processo de determinação.
O mundo de Alice é fantástico e obtuso, pleno não de fantasia, mas irrealidade, mundo sem sentido e significação: o espaço do não-sentido...
Antonin Artaud criticou Lewis Carrol em seu poema dos peixes ao qual pretendia traduzir e que não o fez, devido a superficialidade e afetação de um efeminado, o menino que não pretendia enfrentar a condição de pai.
Antonin Artaud desceu às profundidades, promoveu uma escrita da carne, do corpo, da crueldade, não dos órgãos, mas da violência e devoração, dos regurgitamentos e dos gritos...
A escrita de Carrol segundo Artaud é de alguém que devia ter boa alimentação, plena de jogos lógicos, de non-sense, de humor superficial, assim feito uma menininha se descobrindo, constituindo-se em seus “games”...
O poema dos peixes de Artaud onde no mar não existe o “snark” monstro de Carrol, onde Silvia e Bruno em sua história e narrativa, plena de absurdos, vêem a chuva horizontalmente...
Os contos de Carrol plenos de paradoxos lógicos cheiravam a Artaud Afetação...
Mas a aventura de Artaud com a loucura a qual Carrol também não fugiu, foi mostrar o corpo dolorífero, sofredor, o êxtase da crueldade, a escrita do corpo sem órgãos, sem ânus, sem boca voraz...
Esta reflexão mostra a aventura do pensador das profundezas comparado com o mundo da superfície, mas os dois universos são plenos de aventuras...
Nietzsche inventariou as Alturas. A fábula do pensador e homem na montanha – o sábio Zarathustra. Ele é anunciador e profeta. Nietzsche fez uma promessa-ameaça, que em pouco tempo o Homem não mais seria e sim o Super-Homem...
Este relato de quem inventariou os níveis do pensamento, põe à mostra o espaço e geografia, onde de novo, será possível pensar!