Não vou mais dormir

Quando estava no exército
gostava de pegar a última guarda
das quatro as seis da manhã
Era a guarda mais difícil
Eu ficava cansado sempre
porque emendava
com a faina do dia
O cansaço quase vingava
mas a aurora me impregnava
de uma energia tal
que eu pensava nunca mais
precisar dormir

Os tons de lúcido cobalto
dos negros azuis
no convés da montanha
findando estrelas
me tomavam por tamanho
desespero
que eu pensei nunca mais
poder morrer

O arremate do roxo
saindo pro púrpura
avermelhando-se tudo
em laranja depois
para dar no amarelo solar
me faziam acreditar
em jamais partir