O Dionisíaco

Superbass tremendo o vidro dos carros
moendo por dentro os ossos do peito
o coração salta na boca
galera de pouca roupa e corpos perfeitos
queimados de sol, suor e muita cerveja
a beleza desse movimento que não é
e nem quer ser mera palavra
que importa ao funk a letra
se é no corpo que reside o sentido

Despindo-se dos preconceitos
adquiridos
despindo-se dos moralismos
é a morte do simbólico
no hipnótico batido
pela pele que procura o toque
pelo som que seduz o ouvido
sedução de olhos, de coxas,
de mãos

Os caras endoidam com a tensão
As minas relaxam e se empoderam
Essas deliciosas bundas em incríveis coreografias
(O fetiche nacional plenamente justificável
e o prazer de serem apreciadas
em movimento)

O rito tribal, sobe-desce frenético
poderosos e elétricos, esses corpos
puras cinturas em curvas e milagres
que tremem sob o timbre supergrave

Do ingênuo ao sugestivo
do sensual ao erótico
e do erótico ao sexual
tudo é pegação
o Pancadão, sem máscaras
é o sexo sem penetração

O êxtase tornado música
como mero pretexto
da força, que para se mostrar
precisa ser dançada e não mais falada
sem mensagem ou outra lição
que não seja o próprio corpo
em pura ferveção