Cachoeira

Olhos sob o mato
guardando no verde recato
a sensualidade da cena
por entre palhas e tenros
caules, à espreita
a menina linda no banho
de espumas geladas
botões de gerânio
no bico dos seios
a pele tão clara
à sombra refratária
um sol sedento
mastigando em listras
o poço contido no recanto
Ser água em braços soltos
sobre teus ombros
feito cachoeira
deslizar sobre as beiras
do teu ventre
no arrepio que concerne aos pelos
eriçando as bordas da alma:
Um corpo que se liquefaz
como todo desejo