Segunda

que poesia resistiria à segundas-feiras
que versos não desmoronariam
às primeiras horas
depois que o domingo nos abandonou à  sorte

que desatinos não desandariam
em apologia pura da própria morte
ao vislumbrar-se da colina a fera
que lá vem,  temerária contra temerosos
rugindo em seus dentes afiados
avançando sobre nossas
maiores defesas

desafinados ossos rangendo o ruído
digestivo do mundo
nesse imenso estômago no qual
seremos novamente nada além
de alimento triturado

viver
em universos paralelos
é o pleonasmo de todo poeta