Mãe-da-lua

Ítz, minín, sai da rúa e entra pradêndicása já!
sereno caíno, Mãe da Lua já chamô trêis vêis
Sá mãe tá chegâno iqué vê tômunjunto
di bãe tomado
Arre! Imcruiz. Minín tentado. Tá c'os ispríto?
nos meu tempo a correia cumia no lombo!

[Gilzim, o mais pequeno, o
mais pretim de seis irmãos multicores
de volta do seu artelívrio
 -- profissão brincadeira --
na porta do quintal
do sério palhaço Arrelia
Sol se pôs na cacunda, a febre de ser moleque
Se pudesse , Gilzim pelas noites ardia
mas como não pode, queima mesmo de dia]

Auscuta só, moleque, qui vô dizê só u'a vêiz
si pegá ocê  di novo naquél árvi, leva de chinelão na orêia
Íz, causo qui seu pai nuntáquí,
qui sinão a surra era de correia
Seu pai assumiu-se no mundidêus
por dênd'úa garrádipinga
i dexô sá mãe Sá Maria cás mininada todinha tomá conta
Dicomê qui farta é nhá Rosa quem agarante
no precisado
Qui si nuéra os pessoár da vila
nem num tinha ôtra saída














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poema reeditado, postado originalmente em 07-2011