Lida

Esse povo que não desanima nunca
Lá fora, o noticiário
Dinheiro raleando
Comida faltando
Doenças grassando
O mundo acabando
E Dona Ertília faz em-nome-do-pai
e ainda abre
seu quiosque nas segundas
de manhã
Tem rendas, tem couros,
tem cerâmica em vida e face
nordestina
Ri, de todos oa dentes novos, quando
a sanfona aponta pelas tardinhas
Não se apoquenta, não se amofina
Indagada, fala sem travas sobre a vida de menina
Nos encantos perdidos do sertão paraibano
E assim vai levando
Hora do almoço,  Luan
-- ainda tão moço--
 segura as pontas
quando volta da aula
(Freguês chega sem aviso)
Na fibra, na lida, no improviso
Segue essa gente tão rica em uma
outra alegria tão sólida
de causas nem sempre
visíveis