A lua de Peart

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Para Neil
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Tonto poeta,
          em seu tatear

A exaustiva busca
da metáfora perfeita

Rarefeita
fugidia
tantas vezes quebrada

Se não for perdida
não é metáfora
Não é perfeita
se for vivida

Inventada, até -- quando
não se leva fé -- e se aprende
com ou sem porquê
o quanto de imperfeição
às vezes cai tão bem ao viver

De quebras, assim
A vida
que na tocada vira ritmo
forte, fraco, como pulso

Pearrrrrt
como baquetas treinadas
técnica e feeling no rufar da caixa
terminando fechadas em hi-hats
ao som de um certo nome

Que não é necessariamente rock
não é apenas técnica, não é jazz
nem qualquer definição de estilo

É tudo isso e mais um pouco
na corajosa junção de cores
Pesquisa, vivência, história
O som que vira música por
puro instinto

          ritual
                  primal
                         tribal

De tambores

Aquela primeira lição que se aprende
numa aula de bateria
em algoritmo de palavras :
baquetas sobre a madeira
tata-mama papa-mama

A lua, ora veja,
essa imagem tão crua
objeto recorrente da poesia

(Quem ainda contaria uma história
 que não fosse louco
um verso que não fosse óbvio?)

Alçada ao céu batendo forte
E o peito, que quando isso
acontece, sempre explode

A lua, quando me veio à cara esta noite
era pura alegoria. Cheia, craquelada
Ela hoje era mais nada
além de uma pele de bumbo
com uma coroa em cima
e um corpo de 23 polegadas