Descalço

Textando texturas
Grama seca, grama molhada
Poeira, barro
Livres das barreiras de borracha
Chão- saudoso- chão
Me abrace enquanto
o aperto entre meus dedos
Em acolhida empolgada
destes pés fugidios
Atentando contra
o áspero do concreto
O liso no fundo das plantas
A linguagem das terminações
traduzindo para mim o mundo
Cócegas que sobem
pela espinha, ao caminhante
quando caminha
As solas raspando a areia
de beira-praia num final de tarde
fazendo de golfinhos
afundando e levantando
nesta outra água em pó
(Tudo isso meio em surdina,
máscara a postos
para qualquer ataque surpresa
de uma massa de ar suspeita)
Não é como pedalar
-- que mais parece vôo--
Andar descalço é como montar
as costas das coisas
Roubar essa pequena liberdade boba
de sair ali na esquina
(furtiva e clandestina)
-- criança fugindo sorridente
do cercabraço de mãe--
Para saber do lafora
o que é que há