"Linha M"


Falar sobre o nada e ainda ter tanto a dizer

é para poucos. A prosa elegante e desprovida de adornos  em suas descrições dos ambientes  mais simples e situações cotidianas, desde o hábito da xícara quente de café com torradas de pão integral e azeite no canto do barzinho sistematicamente  eleito, a uma coletânea de memórias volitivas vivenciadas em contextos, tempos e países diversos mundofora. O traço melancólico que tão bem cabe às introspecções, e cuja fluidez encanta. 

Textos em formato de pequenos contos ou crônicas contemporâneas acerca  dos espaços humanos de habitação e desterro, (como boa leitora da literatura Beat e representante menos dos cânones e mais do circuito alternativo de cultura durante uma vida, escrita que carrega no peito a ansiedade dos espaços fechados) sobre influências literárias,  musicais, existenciais enfim, que prefere marcar--como  na veia de uma rabiscadora de palavras madura quanto a seu propósito-- o caminho percorrido  mais exatamente por sua rara e sensível percepção do movimento todo que a circunda, do que ceder à fácil tentação de se fixar no reputado "grande movimento" do mundo, tantas vezes turbulento e superficial.