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Mostrando postagens de setembro, 2011

Metamorfose

Esforçar-se o tempo todo para ser formiga andar com formigas pensar como formigas aprender a comer  feito formigas no tempo próprio de formigas E ter nascido com asas e ter nascido com voz para cantar e não ter garras para carregar mas para tocar Não ter vocação para contar o tempo mas gostar de ver o tempo passar gostar da rede, do livre movimento de uma agenda focada em si mesmo ser o sujeito principal de sua própria vida a sina de tentar ser formiga quando a alma nasceu cigarra nasceu cigana e existe  para dançar Reconhecer sua natureza e fazê-la vicejar contra a lógica da era desafio de rachar tijolos estourar  o mundo previsível de formigas acumuladoras deixar chegar o inverno com vida, viola e vinho na despensa Esta a  verdadeira metamorfose transformar-se naquilo que se é

SANATÓRIOS E SANITÁRIOS

* Por Antônio Rocha Neto Sanatório o são faz para o louco. Sanitário, dele fazem uso o louco e o são. Sanatórios são sanitários onde o louco é defecado pelo são. Sanitários de sanatórios, são coisa de louco! No sanitário do são, habitam as loucuras da imaginação! Mas loucos...quem são? Quem é louco de se dizer são? Na minha opinião, Talvez de louco, quiçá de são, Só os loucos são!

ESCOLA DE POESIA

* Por Marcos Oliveira   Versificar não é pequeno Mesmo grande de mundo A ser descoberta a medida Universo pessoal do poeta... O tamanho de gente feliz... A imensidão do espaço Da poesia cabe em estrelas No céu e firmamento Na palma da mão. E nada mais não...     O amor do poeta O sentimento da poesia Viaja pela imaginação Intuição e  insight Em tudo que imagino. Amanhã garimparei O chão de estrelas Os astros e a mão Do velado que inventa Versos lúdicos do poeta.

Caminho de praia

Manhã de julho. Sol frio que cega pelo brilho. A volta do caminho pisado, da longa caminhada pela praia, sal e  sol nas costas de uma manhã qualquer de inverno. Pés afundando sem destino. As folhas das folhas de verde, à beira da estrada, tornadas amarelo. Aquelas que ainda persistem na falta d'água, nesta seca que castiga fora de época, nos meados deste  inverno. Cactus imponentes, Guriris fortes nessa areia que desanima raízes, vento cortante e rude chicoteando pernas incautas com garras  de areia. Nada inspira otimismo quando faz frio e o vento desfolha sadicamente as últimas castanheiras da estação. O sol não se impõe, de propósito. Apenas afasta-se orgulhosamente e deixa os humanos às próprias nuvens. Neste caminho de praia , em meio a tanto cinza, a única cor é o amarelo daquela pequena flor, à beira da estrada. Parece apenas mais uma flor comum, como tantas outras. Não sei o nome, não sei a espécie, nem mesmo o apelido. E eu que achava que sabia tudo. Sua foto não está no

Profissões em baixa II

*Por Adrianna Meneguelli E se eu decidisse ser poeta? Perscrutar esferas e cosmogonias que não fossem as minhas...enxertar desejo em cotidianos rarefeitos...Seria um encontro, definitivo, sobre-humano, que me faria jogar tudo para o alto, abdicar de ser direito, assumir atos desviados, repintados de movimentos gauchescos. Idéias novas irromperiam no dia-a-dia plano, e as coxias em transe subsistiriam incólumes ao palco conformado, à parte de toda horda infame que se esparramaria bacante pelo lado avesso. Seria eu então o anti-contexto, o desconcerto do fluxo, ou apenas mais um marginal pedante? (extraído do blog: http://prosasludicas.blogspot.com )

Profissões em baixa I

* Por Adrianna Meneguelli Cansei de ser arquiteta. Medição de rua, circunscrição de bairros, perscrutação de atalhos, suor pouco agradável. A matemática me enganou, tornou-me irracional convicta: não há lógica que subsista a tanto desencontro no espaço humano. Com profissões falsamente pragmáticas flertei desconfiada, só me faltou ser puta. A síndrome da seletividade exacerbada privou-me do prazer que poderia sorver em esporádica labuta. Melhor ser artista, fingir que desenha, que pinta, que cria coisas inovadoras... glamour da imagem, da produção só corpo fazendo a cena. Pouca profundidade, circular esporadicamente em vernissages ...basta. E que não me cobrem mais nada, entender o básico já é muito difícil! Se chamarem para palestras, é só falar da última proposta ou da última idéia. É prazeroso ser egóico. E se for efêmero demais? Talvez produzir vídeos: basta comprar óculos deslocados e se fazer de inteirado. Mas é deleite acessível a poucos, aos que têm grana ou co