Blú
Sou daqueles que não gostam muito de crônicas curtas, “padrão jornal”. Não necessariamente pela qualidade, em si, do texto. Há jóias que vêm em pequenas caixas e muitas coisas boas sendo feitas, e é justamente por isso que me angustio, porque imagino que o cronista, criativo e diligente, teria tanta coisa mais a dizer e foi tolhido simplesmente no momento do maior vôo pela necessidade de se adaptar ao sufocamento do pequeno espaço. A coisa pernóstica e sempre presente do marketing contra a arte, aquelas imagens visíveis ou enrustidas de anúncios que pressionam as colunas de jornal logo ali, acima e ao lado de sua cabeça, para patrocinar o espaço do texto. Tenho ainda uma outra desconfiança, quando os temas para as crônicas vão ficando muito rarefeitos ou batidos, e daí os assuntos acabam resvalando com muita frequência no trivial adornado pelo dia-a-dia doméstico do cronista. Mas como toda regra tem pés de barro, chegou também o meu dia de a