KRYPTONITA


KRYPTONITA

Alegre é triste , minha terra natal
Triste como um rio sem águas
Entre morros, opressiva
Como são todas as mágoas
Que correm caladas
Na noite fria sem dentes

Me aproximo e me enfraqueço
Me afasto, me fortaleço
E, para a contradição de ser exato, revelo:
Nas lembranças somente levo
Coisas boas, boas passagens
Ternura, nostalgia e felicidade
Para não caber no respirar

Alegria de menino é bicicleta
Soltar pipa o dia inteiro
Banho de cachoeira até o entardecer,
Não ver o dia passar
Até o sol se esconder

Minha terra está em mim
Aos pedaços, memórias
Minha kryptonita particular,
Para ter sempre ao meu lado
Sob o travesseiro
pra quando a luz se apagar

Enquanto assisto ao suicídio lento
De todas as minhas forças
Enquanto perco, aos poucos,
O dom de voar...

E, para minha surpresa vejo que a tristeza
Não vem da cidade, mas de uma felicidade
Da criança que ainda resiste em mim
Mas está fora do seu lugar

Isso é o que me enfraquece
Quando estou longe
A vida a procurar esse lugar
Num tempo espaço que não há