Quasar de um dia calmo
Estive no vento
Deixei-me levar pelas horas das horas
As horas sem tempo
O espaço, o momento
As deixas, as perdas, eu estive no vento
Minha poeira , eu,
De mim a me perder
Minhas partículas se esvanecendo
Dissolvendo-se no éter
Nunca cheguei a ser algo, na verdade
Esse emaranhado de discursos não
Pode ser alguém
Não me conferem qualquer
identidade
Tudo não passou de uma
brincadeira
Os jogos da divina criança
Esse feixe de células que tantas
Vezes morreram
Tantas vezes reviveram
Esse arrazoado de possibilidades
Em torno de mim
Não fazem o que sou
Eu fui outros em vida
Eu morri de novo, mil vezes
Renascendo todos os dias
Para me tornar a perder,
Para ser a fala de um outro sobre mim
Mas isso não define o ser
Pois o ser só se encontra com o mundo no estar
aqui
Estou partículas , estou almas
Estou metais em poeira de energia
Desintegrando-se pelo cosmos
agora, neste instante.
Portanto, qualquer consciência
nada mais é
que o enjôo da viagem