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Mostrando postagens de novembro, 2010

dança dos elementos

Como alguém poderia estar sozinho neste mundo? como, por entre as coisas e suas substâncias, que andam aos pares entre si, de mãos dadas o humano equivocadamente se desvencilharia do inumano descolaria sua essência do mineral do animal, do subatômico perdendo-se, portanto, no vácuo de sua autocontemplação sua autopiedade narcisista ? Como deixar de ser a natureza das próprias coisas se as coisas estão aqui, impregnadas de ser em mim? Como estar só nessa paisagem de árvores dobradas ao som pelo vento pelo sol acordes dissonantes dessa harmonia profunda seu verde renitente brilhando na chuva outros escuros musgos nessas pedras E o som disso tudo, trombetas ensurdecedoras trombetas tímpanos, cielos e violinos essa grande orquestra sem ninguém por perto somente pássaros somente árvores somente o vento Plasmada nessa energia, uma liga o conduz este ser singular e vinculado à eterna dança dos elementos Ao homem não é possível estar só e isso é uma bênção

serial killer

Todo dia é preciso matar a maior parte do que vive em nós afinal tudo que ainda vive vive porque depende vive porque está sobre vive porque outra vida o alimenta de alguma forma não necessariamente umbilical É preciso matar todo dia um pouco daquilo que se é daquilo que tornou possível a existência do hoje sobre nós sob pena de não existir amanhã Ou, caso ele exista, não valer a pena Henry Miller quebrava as pontes por onde passava para não ter remorsos e, caso os tivesse (o que é bastante provável) não pudesse mais voltar atrás por uma fraqueza da vontade Um amigo me disse que era capaz de matar digo, em resposta que capazes somos todos e que matar é necessário Matar é a pré-condição da vida somos o serial killer da alma