café da manhã
Sobre a pergunta que me fez ontem, e se a vida fosse esse jeito diferente de brincar de ser sério?
Se eu estivesse num dia bom, e conseguisse deixar de lado esses péssimos humores matinais que naufragam com a minha existência antes das dez da manhã, talvez eu lhe respondesse , sem espanto, entre um gole e outro desse café amargo, que minha única seriedade na vida foi pensar, por um instante, num sentido amplo, cristalino e tangível para todas as coisas. Uma amarração dos objetos e seres e suas histórias num emaranhado inteligível de palavras explicativas, algo denso e ao mesmo tempo vivo.
Não há como não falar nessa obsessiva, incansável, atávica e auto-iludida necessidade humana (que é claro,é a minha também) de ter que racionalizar os acontecimentos, como crianças em suas primeiras leituras, procurando qual a lição da historinha que acabaram de ler. Essa ansiedade pela unificação lógica entre o pensamento e as coisas, entre o mar de subjetividade que me permite ser o que sou e me confere identidade, e o mundo lá fora , independente, em toda sua glória ou terror.
Tolice pensar, hoje vejo, que isso tivesse mesmo algum valor em si, que não fosse somente o valor imaginário que lhe atribuímos durante toda uma vida. Fomos criados para isso, e dificilmente conseguimos nos desvencilhar, mas quando damos um pequeno passo noutra direção, não é tão difícil perceber que existe todo um horizonte não explorado de possibilidades que vão muito além dessa fábula.
Existem outras formas de perceber o mundo, e aquela que nos foi imposta talvez seja a pior, em razão de suas lentes sem cores, sua pobre paleta, a incapacidade criadora que permite enxergar somente preto ou branco.
Há tempo, então , de abandonar esse barco antes que afunde de uma vez.
Há tempo de rumar outras trilhas e aprender a pensar com o ouvido, cheirar com a mão, comer com os olhos e digerir antes mesmo de precisar comer.
Se eu estivesse num dia bom, e conseguisse deixar de lado esses péssimos humores matinais que naufragam com a minha existência antes das dez da manhã, talvez eu lhe respondesse , sem espanto, entre um gole e outro desse café amargo, que minha única seriedade na vida foi pensar, por um instante, num sentido amplo, cristalino e tangível para todas as coisas. Uma amarração dos objetos e seres e suas histórias num emaranhado inteligível de palavras explicativas, algo denso e ao mesmo tempo vivo.
Não há como não falar nessa obsessiva, incansável, atávica e auto-iludida necessidade humana (que é claro,é a minha também) de ter que racionalizar os acontecimentos, como crianças em suas primeiras leituras, procurando qual a lição da historinha que acabaram de ler. Essa ansiedade pela unificação lógica entre o pensamento e as coisas, entre o mar de subjetividade que me permite ser o que sou e me confere identidade, e o mundo lá fora , independente, em toda sua glória ou terror.
Tolice pensar, hoje vejo, que isso tivesse mesmo algum valor em si, que não fosse somente o valor imaginário que lhe atribuímos durante toda uma vida. Fomos criados para isso, e dificilmente conseguimos nos desvencilhar, mas quando damos um pequeno passo noutra direção, não é tão difícil perceber que existe todo um horizonte não explorado de possibilidades que vão muito além dessa fábula.
Existem outras formas de perceber o mundo, e aquela que nos foi imposta talvez seja a pior, em razão de suas lentes sem cores, sua pobre paleta, a incapacidade criadora que permite enxergar somente preto ou branco.
Há tempo, então , de abandonar esse barco antes que afunde de uma vez.
Há tempo de rumar outras trilhas e aprender a pensar com o ouvido, cheirar com a mão, comer com os olhos e digerir antes mesmo de precisar comer.