Sobre o perdão
"A Felicidade consiste em poder falar a verdade sem machucar ninguém ..." ( Fellini )
A noite é o momento de todas as angústias. Se há um pequeno esconderijo durante o dia, elas ferinas se escondem sem dificuldade: na agitação, no disfarce, na ocupação planejada da mente.
Mas à noite não: no apagar do sol é que elas saem para o que é seu, tiranizando os sentimentos e mostrando ao mundo suas verdades mais escondidas.
Como poderia a vida ser algum tipo de caminho, se no caminhar não fosse possível , a quem causou mágoa, obter em algum momento o perdão daquele a quem tiver ferido , mesmo que nem por uma fração de segundo tenha passado por sua mente ou por seu espírito que pudesse ter lhe causado qualquer dor? Mesmo se, no seu mais desvairado sonho, sequer tenha ousado pensar que com suas atitudes ou palavras tivesse lançado mais do que apenas palavras soltas ao vento, nada mais pretendendo além de se mostrar, encenando o antigo exercício da vaidade humana, ou apenas idolatrar, acalentar e proteger o objeto de sua atenção?
Como poderia a vida seguir normalmente seu curso sabendo que na luz de um novo sol que desponta radiante, expulsando as trevas e devolvendo-as à eterna noite, continuariam queimando assim mesmo todas as antigas mágoas, e o combustível de um brilhante e abençoado novo dia proviria, dessa forma, de rancores e do ódio que preenchem a mais fugidia alma, e não da mais pura glória e do desejo de ser o sol algo novo, pulsante e que possui infinita luz própria?
Como tirar do médico seu bisturi, do professor o giz e a lousa, do marceneiro o cinzel, do pintor sua paleta, sem aleijá-los em definitivo, descaracterizando-os como seres humanos em sua plenitude, por privá-los da realização da sua essência?
Como tirar do escritor sua pena e a idealizaçáo do mundo e das pessoas que muitas vezes corre por sua imprudente alma sonhadora, mesmo que tudo que ele tenha pensado ou escrito se mostre, independente dos seus esforços, apenas algo pueril, inconsequente, nada além de brinquedo de criança? Não seria menos cruel tirar a vida de alguém do que minar em definitivo a possibilidade de deixá-lo expor esses sonhos que povoam sua alma e justamente pretendem, em sua cabeça que segue por uma lógica própria e tantas vezes irreal, reconhecer e declarar toda a beleza que há no mundo, tornando-o um lugar menos árduo e mais habitável, mostrando em sua maior pretensão que a jornada humana não terá sido em vão?
A noite é o momento de todas as angústias. Se há um pequeno esconderijo durante o dia, elas ferinas se escondem sem dificuldade: na agitação, no disfarce, na ocupação planejada da mente.
Mas à noite não: no apagar do sol é que elas saem para o que é seu, tiranizando os sentimentos e mostrando ao mundo suas verdades mais escondidas.
Como poderia a vida ser algum tipo de caminho, se no caminhar não fosse possível , a quem causou mágoa, obter em algum momento o perdão daquele a quem tiver ferido , mesmo que nem por uma fração de segundo tenha passado por sua mente ou por seu espírito que pudesse ter lhe causado qualquer dor? Mesmo se, no seu mais desvairado sonho, sequer tenha ousado pensar que com suas atitudes ou palavras tivesse lançado mais do que apenas palavras soltas ao vento, nada mais pretendendo além de se mostrar, encenando o antigo exercício da vaidade humana, ou apenas idolatrar, acalentar e proteger o objeto de sua atenção?
Como poderia a vida seguir normalmente seu curso sabendo que na luz de um novo sol que desponta radiante, expulsando as trevas e devolvendo-as à eterna noite, continuariam queimando assim mesmo todas as antigas mágoas, e o combustível de um brilhante e abençoado novo dia proviria, dessa forma, de rancores e do ódio que preenchem a mais fugidia alma, e não da mais pura glória e do desejo de ser o sol algo novo, pulsante e que possui infinita luz própria?
Como tirar do médico seu bisturi, do professor o giz e a lousa, do marceneiro o cinzel, do pintor sua paleta, sem aleijá-los em definitivo, descaracterizando-os como seres humanos em sua plenitude, por privá-los da realização da sua essência?
Como tirar do escritor sua pena e a idealizaçáo do mundo e das pessoas que muitas vezes corre por sua imprudente alma sonhadora, mesmo que tudo que ele tenha pensado ou escrito se mostre, independente dos seus esforços, apenas algo pueril, inconsequente, nada além de brinquedo de criança? Não seria menos cruel tirar a vida de alguém do que minar em definitivo a possibilidade de deixá-lo expor esses sonhos que povoam sua alma e justamente pretendem, em sua cabeça que segue por uma lógica própria e tantas vezes irreal, reconhecer e declarar toda a beleza que há no mundo, tornando-o um lugar menos árduo e mais habitável, mostrando em sua maior pretensão que a jornada humana não terá sido em vão?