Sobre aprender a não envenenar a própria alma
Dormir com ódio no coração, sufocando seu peito após o último jornal da noite. Receita certa para um ataque cardíaco, uma úlcera ou coisa que o valha. Necessidade de aprendizado constante de como contar sempre com a humanidade, ou aquilo que persiste nela sendo bom e verdadeiro. Nisso parece que cada vez menos há vozes convergentes. Esse conflito estúpido entre árabes e israelenses é aquilo de mais baixo a que se pode aplicar o termo guerra. Desde que me entendo por gente é a mesma coisa; dois lados jurando inocência, dois lados que querem se sufocar mutuamente, cada um desejando que o outro seja em breve extinto. E o pior: historicamente e biblicamente, tanto os muçulmanos quanto os judeus vêm de um tronco comum, em Abraão. Não fosse esse aspecto, vêm ainda da mesma região, falam idiomas que guardam muitas semelhanças, e até a alimentação tem muito em comum. Habitam com desenvoltura há séculos o mesmo deserto rico em lamentações, rico em pedras secas e em falta d'água como todo deserto, mas que ao mesmo tempo é um deserto diferente: um deserto que é inundado de sangue periodicamente, desde antes de Cristo. Não era hora desse teatro sanguinário chegar ao fim? Não era hora dos omissos e parciais Estados Unidos darem sua definitiva contribuição , assim como deram á época em que os judeus por séculos expatriados quiseram ter de volta seu lar? Americanos contribuem hoje, com sua não intervenção, seu deixa´pra lá, para a manutenção de uma grande bomba relógio (atômica, é claro) na região, sob pretexto de manter seu aliado Israel armado até os dentes. A lógica que impôs essa situação já foi quebrada há décadas, e está passada a hora dessa história ter um novo fim, com a criação definitiva e reconhecimento do estado palestino. Chega, portanto, de engolir esses jornais de final de noite sanguinários, dessa guerra cretina entre os países árabes e Israel. O mundo não aguenta mais ver isso. Eu, de todo modo, é que não assisto mais a esses jornais de final de noite, porque pretendo ainda, por mais tempo, acreditar que a humanidade é capaz de algo maior.