A segunda bomba
Fat man flying over the tops, august, nine
on nineteen forty-five
Suddenly
deadly mushroom digging your roots
above the frightened sky
A bad memory
of Little boy, ugly boy
blows up his huge head
changing over the men in beasts
While the rest of the world was sitting watching and listening
to their blind priests
Castigando outra vez o inimigo, de joelhos
com uma espada sob o flanco
Mais forte que o sol
a bomba largada
sobre uma ilha
em prantos
Essa criança que não nasceu da Luz
espargindo seu canto maligno
Pela alegada ordem moral do mundo
civilização Ianque puxando o cortejo
enquanto a fumaça se espalha em segundos
Alma de choques e ondas
o centro sem gritos
sem tumulto e sem cheiro
Alma de energia quântica
atravessando ossos
paredes e canteiros
Segundos eternos e glaciais
de um silêncio profundo
quase budista
Memórias de Pompéia e Herculano
fumaça e terra derretida
encobrindo toda a vista
A sombra do Vesúvio derramando-se
em lava flamando sobre o vale
azulejos e metais derretidos retorcidos
e o vácuo do momento eclipsado
incandescente
o cálculo paira orgulhoso e nuclear
nirvana ocidental sobre o império do sol nascente
Substância e matéria dissolvendo-se no éter
não há som, nessa hora e nem sequer há mais vento
homens, mulheres e crianças
coisas, casas e plantas
apenas fragmentos
átomos espalhando-se pela terra
retornando à sua origem estelar
como as cinzas vãs dos pensamentos
Memórias ausentes em antigos cartões postais
vaporizados , homogêneos
num fragmento de segundo
o intelecto vangloria-se exaltado
da vitória sobre os elementos
do poder de dominar o mundo
Aberta a caixa de pandora
as fúrias se divertem sobre a terra
enquanto o homem pequeno comemora
e espreita, satisfeito, o limiar da nova era
A glória da guerra na extinção da cidade
assinatura típica da história humana
marcando a fogo o animal
simultaneamente enquanto o sangra
Estatísticas do animal humano amarrado e observado
apenas objetos sendo experimentados
aniquilados por dentro
fabricados por fora
cobaias de si mesmo durante milênios
O ser que inventou a escrita
criou a fala
nos seus melhores dias, fez a arte
arvorando-se em Deus, criou a música
por necessidade, matou para comer
por obrigação lavrou a terra com árdua luta
mas houve algum lugar no tempo
em que reinava alguma dignidade