Uma manhã qualquer
Ouvidos eclipsados o vento no rosto segue a moto zunindo nesta manhã fria de agosto Campos se abrindo estrada vazia, cavaleiro e montaria na trilha lisa e preta, perfeita de petróleo seco sobre a via Ambos numa única alma , ruidosa e azul sob o céu definitivo de agosto As essências no ar: de terra, de barro, de barranco molhado de grama, de pasto, gado solto no mato pássaros e cães comportados lavradores e seus filhos sorrindo torresmos, polenta na mesa frango com macarrão borboletas e aguardente em manhã de domingo As essências do ar: úmido de florestas nesta manhã quase infame café e palhas fermentadas, acre odor misturado e o perfume suavemente obsceno da flor de macadâmia Tudo isso entrando pelos olhos, pelo nariz pelos poros desse elmo de fibra carbono esta armadura de aço Dom Quixote andante aventurando-se num vôo cego pelo espaço Voando baixo e perdendo a ilusão do tempo que deixa de fluir, como água e