O lutador
Atravessa o
corredor sozinho
Ouvindo o grito
do público
Mais alto seu
próprio coração
Latejando na
cabeça
Como tambores
surdos
Contidos
Mortais
De repente,
todo barulho cessa
Toda voz que
ousa cala
E apenas
seus passos marcam o chão
Ritmados
Marciais
Martelo dos
deuses num chão de pedra batida
Como se
antes ninguém tivesse ali pisado
Sobe o
ringue pelas cordas
Apruma-se como
gato
Espera, defende, ataca
Estuda,
experimenta, arrisca
Voa, se
encolhe, se arrasta
O sangue
jorrando na pista
O espírito
virado corpo
Em garras,
luz e sede
O desejo
ancestral do combate
Absorvendo-o
em sua rede
Exausto,
machucado e suado
Ao final da
luta, já no vestiário
Contempla diante
do espelho
O seu maior adversário
O seu maior adversário