Poesia do cotidiano 3
A mulher na rua como um bicho
nua, seios infantis e descobertos
posição simiesca, sentada no meio-fio
cabelos raspados, braços arranhados
Não era branca
não era preta
não era azul poente
Não tinha roupas
não tinha charme
não tinha dentes
Um olhar perdido para o
canto do espaço
em que nunca existe luz
Dizia coisas sem nexo,
e tentava em vão
cobrir o próprio sexo
Olhava para o rosto dos passantes
e todos a acusavam, uma só voz
em frente ao lotado shopping, Natal!
Ameaçaram polícia
ameaçaram ação social
ameaçaram violencias
coisa que mais há no mundo
Hoje a mulher ganhou a rua de vez
sentou-se bem no meio
aonde passam os carros
O chão do asfalto quente,
tostando uma vez mais
sua pele queimada
E realçando os arranhões
que aumentaram daquele dia
até hoje
nua, seios infantis e descobertos
posição simiesca, sentada no meio-fio
cabelos raspados, braços arranhados
Não era branca
não era preta
não era azul poente
Não tinha roupas
não tinha charme
não tinha dentes
Um olhar perdido para o
canto do espaço
em que nunca existe luz
Dizia coisas sem nexo,
e tentava em vão
cobrir o próprio sexo
Olhava para o rosto dos passantes
e todos a acusavam, uma só voz
em frente ao lotado shopping, Natal!
Ameaçaram polícia
ameaçaram ação social
ameaçaram violencias
coisa que mais há no mundo
Hoje a mulher ganhou a rua de vez
sentou-se bem no meio
aonde passam os carros
O chão do asfalto quente,
tostando uma vez mais
sua pele queimada
E realçando os arranhões
que aumentaram daquele dia
até hoje