Sete minutos depois da meia noite
OS MONSTROS
Dorme dorme, doce criança
enquanto a noite tece a teia
de todas as vãs esperanças
e nos sonhos incontidos
que tua fértil imaginação alcança
é que residem incontestes
os sentidos do dia
Aos que eles denominam monstros
tu chamarás de amigos;
quando teus inimigos fugirem
em pânico
quando teus inimigos fugirem
em pânico
porque não entendem
(simplesmente pelo prazer de serem homens),
tu deitarás no colo dessas criaturas
e elas velarão teu rico sono
cantarão para ti velhas cantigas de ninar
e com os dedos longos vão acariciar teus cabelos
afastando os piores pesadelos
e te darão novos motivos para viver
Dorme dorme, doce criança
e essa tua agressividade é apenas
a reação em face de um mundo cruel
que nunca te deu o devido acolhimento
um purgatório povoado de maus espíritos
tolhidos de sentir por um instante sequer
a pusilanimidade de que são capazes
em suas melhores intenções
Para quando houver a dor
haverá sempre o ombro amigo
de quem nunca desconfiastes
para cada lágrima chorada
uma nova estória será contada
e para cada nova decepção
teus novos amigos
te darão uma estrela
até que sejas, tu mesmo
uma nova constelação