Lunar
Mil canivetes laminados
navalhas afiadas
fatiando meus olhos
em lençóis
de puro vidro
Como ousas vir
até mim sem permissão
exibir teu brilho
de gelo e sal?
Curativo cáustico sobre o mar
de minhas feridas, teu sopro
que nunca cicatriza
Acalentas o peito de um morto
com novas mordidas?
Tua pele de pura seda
fulguração e ciclo
em labaredas
de profundo azul
A face sul que sempre se mostra a mesma
inverte a senda do que se esconde
há um outro lado teu morando longe
que revoluciona o sangue
de qualquer sonho humano
Ano após ano,
por milênios
e bilhões...
Lua, nua, lua
que poder é esse
que exerces sobre as multidões?