Espírito de ar
.Beija-flor
no caminho errado do vento se confundiu e adentrou minha casa. Voa
pra frente, voa pra trás, dá aquela paradinha como o ás da
ginástica olímpica nas argolas, só pra se exibir. Em vez de abrir
logo o raio da janela e deixar o bichinho ir embora, fico ali, olhos
arregalados e boca aberta, confirmando como é impossível que ele
exista do ponto de vista meramente físico. Antes que outras
metafísicas me invadam, abro a janela e ele se vai, ainda exibindo
na despedida as paradinhas no ar. Beija-flores são entidades
impossíveis, me convenço. A partir de amanhã vou plantar mais
flores no jardim. Beija-flor, pousa ni mim.