Terradentro
Delívrios III : Grande Sertão: Veredas
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Terradentro
Candeeiros,
esmeraldas
águas
verdes da alma
por
botes entre rugas
de
cristais e pedras
--Moço,
jamais se apreça
o
que entra pelos olhos
nestas
vidas, nestas gemas
em
paredes de terra
Águas
do chão
do
deserto, sertão
formas
em levante contínuo
escarpados
solidão.
Bandeiras
e coroas,
Veredas:
o domínio da selva
(ou
como diria um grande amigo
"O
relegado do espaço".)
Geografias
de gigantes
no
abandono que se quer nação.
jagunçando
o miolo da vida
para
nutrir os olhos
em
reverência
ou
revelação
Gerenciar
quereres
e
continuar amado
desejo
apenas de não ser esquecido?
Vida
é assim miúda, gente
Menor
que seja
sigo,
não importa.
seguir
sempre
ruminando
no caminho
contra
toda tempestade
como
pedrês animal de sela
ferido
no destino que não aceita
é
cumprindo que se rebela
é
aceitando que se rejeita
Destino?
O que seria, pois...
viver
não é estar sempre
no
começo? animal de sela
e
toda direção é caminho
e
todo caminho é tropeço
Navegar
sem bússola,
sem
remo, sem tripulação
essa
nau dependendo demais da sorte.
chuvas
que não atrovoam
bons
presságios não trazem.
Terradentro rasgada,
a
natureza por testemunho
e
viva comida
o
pôr-do-sol sobre o lago
olhos
de tudo-ao-verde
pedra
lavrada de mina batida
A
cada noite uma nova despedida
as
festas de-beber da jagunçada
o
peito ermo e longe, sem acolhida,
(dansas)
lembranças
de quando não se era nada...
memórias no alcançável da mão
memórias no alcançável da mão
O
amor do que não se pode
mas
não se queda em existir
Saudades,
em vida, desejos pueris
Estes
pertencendo àquilo que viria a ser depois,
em
essência de fazendas em partes
terras partidas
terras partidas
perdidas,
sem viva alma, a lavra
desmedida inteira em suas desumanidades
desmedida inteira em suas desumanidades
Em seus desertos
Tudo podendo mudar mais uma vez,
quando
o viver aprochega mais perto
quando
este verso vira uma esquina do mundo
e a
terra absorve os sonhos, sempre
a
terra que gesta as sementes
Ladino
do que deixei passar
mas
deixei porque não sabia:
nunca
me inteligenciem na virada de uma só direção
pois
vento que é vento e daqueles que levam o sentido
tem
que passar pelos lados, lambido
acima
abaixo, tocando, demudando
colorindo
e preenchendo de razão
pois
senão vento não é.
E o
sentido
este
fica pra depois
quando
a soma de todas as realizações
tiver
se mostrado concreta, tangível
racional
e aceitável o suficiente
para
se autonegar até a última raiz dos cabelos
e
como todo mote racionalista
abandonando
os instintos
abandonando
os afetos
até
a medula de uma vontade de viver
negada
e substituída por algo mais confortável e adequado
Como
queria Freud, despertado pelo profeta:
a
civilização sobrevive
assassinando
seus instintos
(sublimar
é coisa pra poucos)
O
tempo segue ditando as regras
Na
distração contemporânea
(matar
as horas a qualquer custo)
mas,
abdicar de si mesmo é tarefa
ingrata!!...
destilada
individualmente no amargor da última hora
e
mercadoria pela qual nunca se recebe o bastante...
Tergiversação
da própria alma...
(a
venda do que não se tem ao demo)
o
crime para quem negociasse ao mesmo tempo
pelos
favores dos anjos e do diabo
mas
sem acreditar em ambos, nem por um segundo
só
por insegurança e por descrédito, afinal,
das
criaturas supra-terrestres
que
habitam sem se quedar ao mundo
aguardando
pacientemente na
barca
a laureada travessia.
_Levai
as moedas para a troca,
pois
caudaloso é o Estige
e
muito longa a viagem
Uma
moeda de ouro para Caronte , na ida
e
outra da sua melhor prata
para
ser disputada entre Gárgulas e Harpias, na volta
se
não queres que teu próprio corpo vire moeda.
Ou
como diria Riobaldo
dentre
todos, o mais trágico
certo
e sem medo é saber
que
o maior pesadelo ainda é melhor
do
que despertar sem nunca ter sonhado