Saberes
o corpo esbarra nas coisas ao redor e algo por dentro registra suas impressões
as impressões são combustível para outros processos infinitos deflagrados por dentro
e a partir de algum momento são fragmentos de pensamentos e sentimentos a tocar a máquina
e assim a vida segue em suas ilimitadas possibilidades de composições e cores cotidianas
existem semelhanças existem diferenças, mas tem alguma coisa que transcende no fim
que não é corpo mas também se recusa a ser espírito porque a vida não quer ser espectro
não é bem matéria, ainda não é bem etérea
fica no meio e é isso, conferindo solidez ao delírio
dissolvendo os excessos da concretude
do que se fala o que se sente se não somos em nós apenas as impressões marcadas
das coisas que estão fora posto que somos mais o que mora dentro
sendo que dentro vivemos um apanhado de coisas que são apreendidas, processadas
mal ou bem mastigadas e nutridas para nossos propósitos tantas vezes indecifráveis
(às vezes mesmo criando outros propósitos como plantas que crescem vigorosas no terreno úmido
durante o ensurdecedor das noites ermas. eu revelaria agora, em segredo, que na verdade não há fora, porque isso foi só uma idéia plantada há muito tempo, mas isso fica pra uma outra hora)
porque uma vida não é uma via válida apenas para que uma consciência a desenhe
vida é o que sobra, o que supra, o que se eleva ou permanece mesmo com tantas nuances visíveis
mesmo com tantos arremedos ou tentações de se calar o pulso
e isso é o que incita , o que não se pode nomear mesmo com tanto esforço para fazê-lo
não é que não se possa nomear o mundo porque materialmente isso seja impossível
nomeia-se tudo, porque nos alimentamos de referências
os pássaros enxergam mais
os morcegos ouvem mais
os ursos e cães farejam mais
os répteis resistem mais
os insetos percebem mais cores
nós somos um punhado de faltas
que quase nos destitui o restante da natureza
somos, por destinação, os seres que nomeiam tudo que há em volta
pra que o dentro possua ainda algum sentido
criamos os desígnios apenas por analogia para não continuarmos perdidos
e mesmo assim seguimos perdidos , bamboleando entre as nossas próprias referências
que em algum momento passaram a se comportar como zumbis, fortes, autônomas
e sem qualquer direção
criamos as criaturas e depois nos esquecemos da invenção
e para que na escolha dessas referências não sejamos (continuadamente)
os mesmos entes perdidos
nomeamos tudo o tempo inteiro não porque o que atribuímos como cores valores
peso, massa ou tempo, seja algo realmente em si
de validade ou de solidez
no fundo
podem ser apenas fantasmas aos quais ainda não
se descobriram os reais nomes
não sabemos o que são
mas se sabe que existem
como fantasmagórico seria, mas ao mesmo tempo forte e inusitado
pensar a coisa sem que simultaneamente criássemos uma linguagem
para nos apresentar a ela. Ora, já sabemos que tudo é linguagem
Como então seria saber sem precisar provar que se sabe
Provar do advento da pura desrazão como forma de saber o mundo
Em poesia em movimento
Sem qualquer maldade
as impressões são combustível para outros processos infinitos deflagrados por dentro
e a partir de algum momento são fragmentos de pensamentos e sentimentos a tocar a máquina
e assim a vida segue em suas ilimitadas possibilidades de composições e cores cotidianas
existem semelhanças existem diferenças, mas tem alguma coisa que transcende no fim
que não é corpo mas também se recusa a ser espírito porque a vida não quer ser espectro
não é bem matéria, ainda não é bem etérea
fica no meio e é isso, conferindo solidez ao delírio
dissolvendo os excessos da concretude
do que se fala o que se sente se não somos em nós apenas as impressões marcadas
das coisas que estão fora posto que somos mais o que mora dentro
sendo que dentro vivemos um apanhado de coisas que são apreendidas, processadas
mal ou bem mastigadas e nutridas para nossos propósitos tantas vezes indecifráveis
(às vezes mesmo criando outros propósitos como plantas que crescem vigorosas no terreno úmido
durante o ensurdecedor das noites ermas. eu revelaria agora, em segredo, que na verdade não há fora, porque isso foi só uma idéia plantada há muito tempo, mas isso fica pra uma outra hora)
porque uma vida não é uma via válida apenas para que uma consciência a desenhe
vida é o que sobra, o que supra, o que se eleva ou permanece mesmo com tantas nuances visíveis
mesmo com tantos arremedos ou tentações de se calar o pulso
e isso é o que incita , o que não se pode nomear mesmo com tanto esforço para fazê-lo
não é que não se possa nomear o mundo porque materialmente isso seja impossível
nomeia-se tudo, porque nos alimentamos de referências
os pássaros enxergam mais
os morcegos ouvem mais
os ursos e cães farejam mais
os répteis resistem mais
os insetos percebem mais cores
nós somos um punhado de faltas
que quase nos destitui o restante da natureza
somos, por destinação, os seres que nomeiam tudo que há em volta
pra que o dentro possua ainda algum sentido
criamos os desígnios apenas por analogia para não continuarmos perdidos
e mesmo assim seguimos perdidos , bamboleando entre as nossas próprias referências
que em algum momento passaram a se comportar como zumbis, fortes, autônomas
e sem qualquer direção
criamos as criaturas e depois nos esquecemos da invenção
e para que na escolha dessas referências não sejamos (continuadamente)
os mesmos entes perdidos
nomeamos tudo o tempo inteiro não porque o que atribuímos como cores valores
peso, massa ou tempo, seja algo realmente em si
de validade ou de solidez
no fundo
podem ser apenas fantasmas aos quais ainda não
se descobriram os reais nomes
não sabemos o que são
mas se sabe que existem
como fantasmagórico seria, mas ao mesmo tempo forte e inusitado
pensar a coisa sem que simultaneamente criássemos uma linguagem
para nos apresentar a ela. Ora, já sabemos que tudo é linguagem
Como então seria saber sem precisar provar que se sabe
Provar do advento da pura desrazão como forma de saber o mundo
Em poesia em movimento
Sem qualquer maldade