Torquato
"Geléia Geral" : a Dor
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"Existirmos: a que será que se destina?" (Caetano)
A potência-em-vida do poeta
A potência-em-morte da poesia
que se reencanta em versos
Quando a vida periga ser maior que o viver
e de uma hora pra outra descabem-se
uma coisa da outra
A intuição feliz da organização de Ítalo Moriconi, nessa obra de tamanha beleza,
encontrada seleção e síntese de uma arte sem igual, de um artista incomum cuja obra
só resvala os ecos mais verdadeiros em pulsões de profundidade e largura
como num Camus, num Sartre, como num maio de 68
ao propor questões que, valorizando a estética
do "regional", não se limita aos condicionamentos
da época ou do lugar ,mas transcendem em busca
do desconhecido que há no mundo
A Tropicália original em movimento, potência e música
sendo no fundo a visada e um expoente legítimo do melhor
existencialismo bebendo na fonte francesa e se expandindo
com a libertadora antropofagia Oswaldiana e toques de surreal
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Cajuína
Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
De um menino infeliz não se nos ilumina
Tão pouco turva-se a lágrima nordestina
E apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
Da cajuína cristalina em Teresina