Escrever
Como busca de beleza em um mundo cruel, que faz qualquer estética parecer fútil?
Como realização diante de uma vida em geral tão restrita em que grumos de capital, ou da ausência dele grumos de saúde mental ou da ausência dela continuam fazendo de delírios a única realidade possível? Como protesto e revolta, energias tantas vezes vãs diante dos portais reiteradamente fortalecidos pelo sumário das crenças injustificadas e suas tolices pela estupidez involuntária e certeira a alvejar multidões?
Como busca de saída em um mundo de cartas marcadas onde há tanto talento, mas tantas vezes os papéis de destaque são roubados pelos piores atores representando as mais pobres peças?
Escrever como puro ato de desvario , tendo em vista a insurgência diante do mais empírico desnorteamento das instituições e do esgarçamento dos valores afirmativos da vida
que depõe contra os próprios indivíduos?
Para testemunhar a tolerância forçada com o terror que se instila progressivo sem que nada , nenhuma causa ou ninguém pareça mais saber aonde é que se encontra a ponta desse trágico novelo
Para caminhar de novo por este caminho torto, pelejando na busca de sentido como se sentido fosse a única forma de fazer valer a pena, nós que vivemos na era onde o próprio sentido deixou de ser algo relevante assim como a lógica que definia a vida em tempos pretéritos?
Sim, escrever e por que isso seria melhor que calar, se o ato não e´apenas passatempo a propiciar prazer por entre os interstícios da morte? Escrever, em vez de silenciar, porque na falta mesmo do sentido, a escrita se tornou em algum momento uma das melhores formas de ainda lembrar que estamos vivos . Na falta da razão maior para gerenciar tantos arquivos a busca de melhores razões ou inspirações para a tarefa que a cada dia parece , além de despropositada, de efeito inútil
Heráclito testemunhou o movimento alucinado e irreversível do violento rio da vida, Platão escreveu revoltado contra a decadência grega por condenar Sócrates a beber cicuta, Agostinho acreditou em Deus para legitimar a vida humana, quando a dor bateu mais forte e ele sentiu que nada havia para nós além da morte , Giordano não voltou atrás e pagou o preço mas as suas cinzas são até hoje mais eloquentes que o texto da sua condenação, Espinosa foi perseguido pelas mesmas razões . Husserl, Benjamin, Sartre, Camus, Thomas Mann, Célan, Freud, Sade, e tantos outros escreveram
diante de um mundo em escombros Escrever, antes de qualquer outro impulso independente de gosto, gênero, estilo, estética é o inconformismo por tudo ser como é
Porque o criador sabe que podia ser diferente talvez maior, mais rico . Ao panfletário eu não me obrigo porque a arte enxerga o verbo no viés da língua posta quando a vista ainda é torta. O ser-político é muito mais que o partidário, pois a realidade de época reverbera na mais insuspeita fala
Escrever é não deixar morrer a beleza nem a tênue delicadeza que rente ao rés da pele cala. Denunciar o bizarro, retratar o injusto corroborar resistências, derreter pretensões, segurar o murro como um muro e ainda dar risada. Soar é melhor que silenciar diante do terror. E entre os textos, soa mais alto uma escrita que também dança. E, na falta de motivo basta lembrar, em um mundo insano onde às vezes parece não haver saída , que escrever é, no fim, o ato supremo de afirmação da própria vida. Mesmo quando ela nos chega destrinchada numa bandeja, com as vísceras úmidas expostas
Como realização diante de uma vida em geral tão restrita em que grumos de capital, ou da ausência dele grumos de saúde mental ou da ausência dela continuam fazendo de delírios a única realidade possível? Como protesto e revolta, energias tantas vezes vãs diante dos portais reiteradamente fortalecidos pelo sumário das crenças injustificadas e suas tolices pela estupidez involuntária e certeira a alvejar multidões?
Como busca de saída em um mundo de cartas marcadas onde há tanto talento, mas tantas vezes os papéis de destaque são roubados pelos piores atores representando as mais pobres peças?
Escrever como puro ato de desvario , tendo em vista a insurgência diante do mais empírico desnorteamento das instituições e do esgarçamento dos valores afirmativos da vida
que depõe contra os próprios indivíduos?
Para testemunhar a tolerância forçada com o terror que se instila progressivo sem que nada , nenhuma causa ou ninguém pareça mais saber aonde é que se encontra a ponta desse trágico novelo
Para caminhar de novo por este caminho torto, pelejando na busca de sentido como se sentido fosse a única forma de fazer valer a pena, nós que vivemos na era onde o próprio sentido deixou de ser algo relevante assim como a lógica que definia a vida em tempos pretéritos?
Sim, escrever e por que isso seria melhor que calar, se o ato não e´apenas passatempo a propiciar prazer por entre os interstícios da morte? Escrever, em vez de silenciar, porque na falta mesmo do sentido, a escrita se tornou em algum momento uma das melhores formas de ainda lembrar que estamos vivos . Na falta da razão maior para gerenciar tantos arquivos a busca de melhores razões ou inspirações para a tarefa que a cada dia parece , além de despropositada, de efeito inútil
Heráclito testemunhou o movimento alucinado e irreversível do violento rio da vida, Platão escreveu revoltado contra a decadência grega por condenar Sócrates a beber cicuta, Agostinho acreditou em Deus para legitimar a vida humana, quando a dor bateu mais forte e ele sentiu que nada havia para nós além da morte , Giordano não voltou atrás e pagou o preço mas as suas cinzas são até hoje mais eloquentes que o texto da sua condenação, Espinosa foi perseguido pelas mesmas razões . Husserl, Benjamin, Sartre, Camus, Thomas Mann, Célan, Freud, Sade, e tantos outros escreveram
diante de um mundo em escombros Escrever, antes de qualquer outro impulso independente de gosto, gênero, estilo, estética é o inconformismo por tudo ser como é
Porque o criador sabe que podia ser diferente talvez maior, mais rico . Ao panfletário eu não me obrigo porque a arte enxerga o verbo no viés da língua posta quando a vista ainda é torta. O ser-político é muito mais que o partidário, pois a realidade de época reverbera na mais insuspeita fala
Escrever é não deixar morrer a beleza nem a tênue delicadeza que rente ao rés da pele cala. Denunciar o bizarro, retratar o injusto corroborar resistências, derreter pretensões, segurar o murro como um muro e ainda dar risada. Soar é melhor que silenciar diante do terror. E entre os textos, soa mais alto uma escrita que também dança. E, na falta de motivo basta lembrar, em um mundo insano onde às vezes parece não haver saída , que escrever é, no fim, o ato supremo de afirmação da própria vida. Mesmo quando ela nos chega destrinchada numa bandeja, com as vísceras úmidas expostas