Poças

pairava em poças
depois da chuva
esperava a chuva
ansiava  trovões
administrava raios
passada a chuva
descobrir as poças
pela cidade

cachoeirinhas
de correr o barco de papel
correntezas bueiros adiante
almirantes em ordens no convés
como convém a uma vida breve
a guerra de barro
que deu forma ao homem

chapinhar, absorver a água suja
pelas seringas grossas sem agulha
brincar guerra de pistola laser
disparando na cara de todo mundo
espraiar o gesto uma vez, ao menos
nesse paiol de vidas tristes
eles se lembrassem de se molhar
toda vez que chove
e o mundo se amilagrando
em nuvens