Largatixa
Calorzinho, manhã de inverno
Lagartixa espichada sobre o muro
No duro concreto que, sob suas patas ,
parece suave escada ou caminho
As costas jurássicas em miniatura
Largatixa, como dizia o pirralho
Dinossauros residentes
Depois de esfriar o primeiro vulcão
Antes (muito antes) bem antes
de qualquer humano, qualquer mamífero
Estranho pensar a Terra sem o homem
E no entanto essa é a criatura, nós
mais extraterrestre que há
Viemos de onde
Seguiremos pra onde
Nem não tem ninguém pra contar
Nem não tem nada pra confortar
A quem não se conforma
Com a imensidão desse mar
Sobre nossas cabeças
A largatixa fecha os olhos no calor
E abre um bocão
Bocejo de réptil é a coisa
mais inusitada em uma manhã de inverno
O sangue frio bebendo o sol de canudinho
A cabeça balança, vez em quando
como afirmando que está tudo bem
Os foles laterais bombeiam a respiração
Ela aprecia os gordos cupins
encastelados na quina do telhado
De vez em quando pasta um matinho besta
que cresce no fundo do quintal
Dá umas carreiras nas lagartas de coqueiro
a desabarem na puída calçada
E, se ameaçada, dispara
Como um carro de fórmula um
As patinhas magnéticas
desafiam qualquer gravidade
Ela para, estatela-se ao contrário
Não cai. -- quase virada de lado
Sob seus olhos, nós é que
estamos meio inclinados
E o mundo inteiro é do tamanho
desse muro velho rachado
Lagartixa espichada sobre o muro
No duro concreto que, sob suas patas ,
parece suave escada ou caminho
As costas jurássicas em miniatura
Largatixa, como dizia o pirralho
Dinossauros residentes
Depois de esfriar o primeiro vulcão
Antes (muito antes) bem antes
de qualquer humano, qualquer mamífero
Estranho pensar a Terra sem o homem
E no entanto essa é a criatura, nós
mais extraterrestre que há
Viemos de onde
Seguiremos pra onde
Nem não tem ninguém pra contar
Nem não tem nada pra confortar
A quem não se conforma
Com a imensidão desse mar
Sobre nossas cabeças
A largatixa fecha os olhos no calor
E abre um bocão
Bocejo de réptil é a coisa
mais inusitada em uma manhã de inverno
O sangue frio bebendo o sol de canudinho
A cabeça balança, vez em quando
como afirmando que está tudo bem
Os foles laterais bombeiam a respiração
Ela aprecia os gordos cupins
encastelados na quina do telhado
De vez em quando pasta um matinho besta
que cresce no fundo do quintal
Dá umas carreiras nas lagartas de coqueiro
a desabarem na puída calçada
E, se ameaçada, dispara
Como um carro de fórmula um
As patinhas magnéticas
desafiam qualquer gravidade
Ela para, estatela-se ao contrário
Não cai. -- quase virada de lado
Sob seus olhos, nós é que
estamos meio inclinados
E o mundo inteiro é do tamanho
desse muro velho rachado