No caminho
("O trabalho liberta", frase em alemão escrita na entrada do campo de concentração de Auschwitz)
"(...) até que um dia, o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos
a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos
a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".
(Eduardo Alves da Costa, "No Caminho com Maiakóvski)
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Tomei a dignidade do teu trabalho
Tomei a dignidade do teu trabalho
atei correntes ao teu calcanhar
Turvei tua melhor razão
te dei um mito para adorar
Concebi outro alfabeto
e te obriguei a decorar
Exterminei as diferenças
pus uma imagem no seu lugar
Atentei contra as mulheres
botando a raiva pra funcionar
Matei teu amigo negro
mas não sem antes o humilhar
Eliminei as outras bandeiras
mas não sem antes caluniar
Queimei todos os livros
mas não sem antes me vangloriar
Extingui as dissidências
botando a força pra legislar
Extingui as dissidências
botando a força pra legislar
Ceifei os filhotes índios
plantando a praga em seu lugar
Censurei todas as cores
pra outra era se anunciar
Calei a longa noite
levando os cães pra passear
Calei a longa noite
levando os cães pra passear
E por incrível que pareça
foi tão fácil começar
O mal é banal
e sempre acha rima
O mal é banal
e sempre acha rima
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Poema reeditado , publicado em outubro/2018