ANARCRIA
O autor
que coisa é essa
que objeto
que criatura ou criador?
Se celebro o feito
e deito na cama
(em busca da fama) oh!
Não quero
Me desespero em imaginar
as redondilhas
girando o mundo
Quando há um universo dentro
ainda sem se prover
Cartesianos, somos! tantos
em torno de um desejo atroz
fábulas inspiradas na identidade
eusística eucêntrica eutológica
que amarra o coro a uma única voz
A identidade-eu
é uma grande mentira
há tribos no Pacífico
em que se fala de si mesmo
na terceira pessoa
A poesia é o que acomete
avassala, desarrazoa
Escrever como o respirar
Precisamos é falar
de nós-aqui-reunidos
Inventar um outro sentido
desabrigado de qualquer razão
A criação, ato tresloucado
inconsciente em sua origem
disciplinado em seus meios
Experimentação do som
A morte do autor
para que o sangue flua
uma morte que destrua
qualquer traço ou estrutura
a extinção da assinatura
Não quero meu nome
em lápides e féretros
quando crio, o criar
é algo que me atravessa
fala por minhas vozes
apodera-se de minhas mãos
Há os outros, nesse processo
a linguagem viva que me fez
e da qual sou rebento rebelde
reverberando minhas cantigas
como quem não pede explicação
Não quero me vangloriar ,então
depois de tanto errar
quando, por um desaviso
o verso acerta a veia
o tom cativa a alma
quando o ritmo rebusca o osso
há tantas garrafas ao mar
cujos tesouros jamais
serão achados
Era algo mais poderoso, isso
e desde o início, agindo em mim
E para esse processo sem fim
eu apenas fiz a minha parte
(contribuí, de alguma forma)
quando me pus a ouvir, em silêncio
as vibrações das coisas e pessoas
ao meu redor
Metabolizei o caldo
de um mundo desejando se mostrar
em arte
Mesmo quando seu rosto se põe
tão refratário
Sou sempre a criatura do que crio, no fim
Jamais o contrário
que coisa é essa
que objeto
que criatura ou criador?
Se celebro o feito
e deito na cama
(em busca da fama) oh!
Não quero
Me desespero em imaginar
as redondilhas
girando o mundo
Quando há um universo dentro
ainda sem se prover
Cartesianos, somos! tantos
em torno de um desejo atroz
fábulas inspiradas na identidade
eusística eucêntrica eutológica
que amarra o coro a uma única voz
A identidade-eu
é uma grande mentira
há tribos no Pacífico
em que se fala de si mesmo
na terceira pessoa
A poesia é o que acomete
avassala, desarrazoa
Escrever como o respirar
Precisamos é falar
de nós-aqui-reunidos
Inventar um outro sentido
desabrigado de qualquer razão
A criação, ato tresloucado
inconsciente em sua origem
disciplinado em seus meios
Experimentação do som
A morte do autor
para que o sangue flua
uma morte que destrua
qualquer traço ou estrutura
a extinção da assinatura
Não quero meu nome
em lápides e féretros
quando crio, o criar
é algo que me atravessa
fala por minhas vozes
apodera-se de minhas mãos
Há os outros, nesse processo
a linguagem viva que me fez
e da qual sou rebento rebelde
reverberando minhas cantigas
como quem não pede explicação
Não quero me vangloriar ,então
depois de tanto errar
quando, por um desaviso
o verso acerta a veia
o tom cativa a alma
quando o ritmo rebusca o osso
há tantas garrafas ao mar
cujos tesouros jamais
serão achados
Era algo mais poderoso, isso
e desde o início, agindo em mim
E para esse processo sem fim
eu apenas fiz a minha parte
(contribuí, de alguma forma)
quando me pus a ouvir, em silêncio
as vibrações das coisas e pessoas
ao meu redor
Metabolizei o caldo
de um mundo desejando se mostrar
em arte
Mesmo quando seu rosto se põe
tão refratário
Sou sempre a criatura do que crio, no fim
Jamais o contrário