Filosóficas V ( O Salto)
A vida não é proposicional.
O tanto de anti-humano
que há nisso
O tanto de esperança,
dependendo da saúde do olhar
O conhecimento formal do mundo
pode ser uma grande mentira
[talvez a maior de todas ]
se toda descoberta se colocar a partir
da lógica
É preciso cuidado para não sucumbir
O sonho do iluminismo morreu infinitas vezes
muito antes da primeira bomba atômica
Depois de tanto arrazoado
depois de tanta história
tanta lógica, tanta ciência
tantas experiências
não há nada de melhor no humano
Somos as mesmas bestas potenciais
que habitavam isso tudo aqui
há milhões de anos
Sectários, sanguinários, utilitaristas
até mesmo quando nos propomos
altruístas
(desconfie sempre de todo altruísmo,
ja´dizia o bom psicólogo)
Temos talvez uns pelos a menos no corpo
Uns dentes a mais
O pescoço ora mais curvado
por razões óbvias
Uma linguagem mais aprimorada
a nos por no mundo em outra
condição
E nada, absolutamente nada
a alterar nossos instintos
destrutivos
Como é possível ainda se falar
em conhecimento, sem o menor pudor
sem conceder a fala ao que não se pode nomear
e cuja voz é tão troante?
A maior parte do que se convencionou chamar
Filosofia é um palavrório sem sentido
que só caberia registrar como memória
de um observador parcial em delírio consciente
[no terreno do empírico
no terreno das idéias, que
no fundo, somando tudo,
dá o texto de nossas falas
segundo Kant, cutucado
por Hume ]
Seria sensato declarar a vida
como algo explanável, se
vivêssemos há duzentos anos
atrás
mas ela não é, e por que é tão difícil
aceitar essa evidência contundente?
A vida não é proposicional
porque na hora do hiato
é preciso o salto
O salto em Platão
remete ao "fora" do mundo
para inteira apreensão
Inaugura o sentido lógico
como superior ao intuitivo
e supostamente capaz de
conduzir
O salto, em Camus
(tão combatido por ele)
é o abandono do esforço
individual
em prol da violência
desoladora do mundo
É o homem que desiste
de conviver com o caos
inevitável
O salto, em Heidegger,
talvez a concepção mais poderosa
é desafiada de forma contudente
por uma escolha injustificável
A existência autêntica só é
depois do salto, e isso significa
uma grande virtude necessária
Mas a linha histórica do dasein
pode ser posteriormente confrontada
com seus atos e escolhas num
sentido ético poderoso
Há um outro salto,
como em Kierkegaard
por uma razão especial
calcada na intuição
Pressagia, esse salto,
uma outra vontade de habitar
a vida, que não reage bem
a condicionamentos proposicionais
e reinsere o pulso no pensamento
Mas o filósofo dinamarquês tinha um notório
ponto fraco, apesar do seu brilhantismo
Está na angústia o principal motivador
da ruptura, e não no convencimento
formal e quase aritmético de Hegel
[ponto forte de sua fala ]
Mas ao reputar a superação da angústia
pela consolação divina, ele
ainda deixa o homem dentro do mesmo
barco sem remos
em meio à tormenta
Diante do absurdo, do sofrimento,
do incondicionado, o humano em
Kierkegaard rejeita ,sabiamente
o alento da razão
abrindo espaço à nova era
mas perde-se depois,
na primeira tábua
que lhe vem ao mar
O tanto de anti-humano
que há nisso
O tanto de esperança,
dependendo da saúde do olhar
O conhecimento formal do mundo
pode ser uma grande mentira
[talvez a maior de todas ]
se toda descoberta se colocar a partir
da lógica
É preciso cuidado para não sucumbir
O sonho do iluminismo morreu infinitas vezes
muito antes da primeira bomba atômica
Depois de tanto arrazoado
depois de tanta história
tanta lógica, tanta ciência
tantas experiências
não há nada de melhor no humano
Somos as mesmas bestas potenciais
que habitavam isso tudo aqui
há milhões de anos
Sectários, sanguinários, utilitaristas
até mesmo quando nos propomos
altruístas
(desconfie sempre de todo altruísmo,
ja´dizia o bom psicólogo)
Temos talvez uns pelos a menos no corpo
Uns dentes a mais
O pescoço ora mais curvado
por razões óbvias
Uma linguagem mais aprimorada
a nos por no mundo em outra
condição
E nada, absolutamente nada
a alterar nossos instintos
destrutivos
Como é possível ainda se falar
em conhecimento, sem o menor pudor
sem conceder a fala ao que não se pode nomear
e cuja voz é tão troante?
A maior parte do que se convencionou chamar
Filosofia é um palavrório sem sentido
que só caberia registrar como memória
de um observador parcial em delírio consciente
[no terreno do empírico
no terreno das idéias, que
no fundo, somando tudo,
dá o texto de nossas falas
segundo Kant, cutucado
por Hume ]
Seria sensato declarar a vida
como algo explanável, se
vivêssemos há duzentos anos
atrás
mas ela não é, e por que é tão difícil
aceitar essa evidência contundente?
A vida não é proposicional
porque na hora do hiato
é preciso o salto
O salto em Platão
remete ao "fora" do mundo
para inteira apreensão
Inaugura o sentido lógico
como superior ao intuitivo
e supostamente capaz de
conduzir
O salto, em Camus
(tão combatido por ele)
é o abandono do esforço
individual
em prol da violência
desoladora do mundo
É o homem que desiste
de conviver com o caos
inevitável
O salto, em Heidegger,
talvez a concepção mais poderosa
é desafiada de forma contudente
por uma escolha injustificável
A existência autêntica só é
depois do salto, e isso significa
uma grande virtude necessária
Mas a linha histórica do dasein
pode ser posteriormente confrontada
com seus atos e escolhas num
sentido ético poderoso
Há um outro salto,
como em Kierkegaard
por uma razão especial
calcada na intuição
Pressagia, esse salto,
uma outra vontade de habitar
a vida, que não reage bem
a condicionamentos proposicionais
e reinsere o pulso no pensamento
Mas o filósofo dinamarquês tinha um notório
ponto fraco, apesar do seu brilhantismo
Está na angústia o principal motivador
da ruptura, e não no convencimento
formal e quase aritmético de Hegel
[ponto forte de sua fala ]
Mas ao reputar a superação da angústia
pela consolação divina, ele
ainda deixa o homem dentro do mesmo
barco sem remos
em meio à tormenta
Diante do absurdo, do sofrimento,
do incondicionado, o humano em
Kierkegaard rejeita ,sabiamente
o alento da razão
abrindo espaço à nova era
mas perde-se depois,
na primeira tábua
que lhe vem ao mar