Urubus em espirais


De costas no jardim
O ar de abril se abrindo
para o mês mais bonito
quando felizmente lá se foi
(tarde) o verão
Olhos parados no céu limpo
A brisa que vem mais fresca às narinas
Um doce azul de gastar as vistas
Mais de hora observando esses urubus
em finais de tarde
Nas espirais contínuas
Nadando pelas correntes térmicas
Calculados ângulos
De por si, seriam já coisa
pra esquecimento
Uns simples passarinhos
atribulados em busca de alimento
Mas me vêm à memória
os outros urubus
o Condor de Castro Alves
o beque de Rubem Alves
o Urubuquaquá, do JGR
O Urubu-Mestre do Jobim
O Urubru-Cruzeiro do Seu Antônio
Seu sentido fora-do-tempo
fica em mim como alento
enquanto também flutuo
em geométricas espirais