Contos
desse confinamento
A oralidade dos morros cariocas
intercalada com a língua culta
Como se essa dicotomia, esse duplo
nos constituísse, indivíduos
e sociedade, nós e nossos pedaços
Uma porrada do mundo no estômago
e uma elaboração estética
existencial, filosófica ou brejeira
Se assim quiserem denominar
Sem hierarquias ou verdade absoluta
Retratos da condição humana
Universais, na necessidade de responder
em táticas de sobrevivência ao caos
Existe uma guerra, há trincheiras,
vitórias e derrotas cotidianas
Multifacetados e tropicais, nas fórmulas
que cada personagem encontra
para chegar, inteiro ou partido,
ao fim do dia. Delirios, amor,
poesia. Há uma vida
que pulsa e jamais se entrega
Tudo isso acontecendo tão perto e tão longe
de nós aqui embaixo, nós que, mesmo sem saber,
temos participação ativa nisso tudo,
nós que somos "do asfalto", como
na fala do protagonista em "Rolezim"
na abertura do livro.
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Cia das Letras 2018, Geovani Martins
finalista do Prêmio Jabuti