O Albatroz

Albatroz – Wikipédia, a enciclopédia livre




Em memória do saudoso amigo Marcos Silva Oliveira
-- filósofo e poeta -- que nasceu no mês de abril
e em uma bela tarde daquelas tantas 
me apresentou Baudelaire

Transcrevo abaixo
seu poema preferido 
-----------

A quem é de asas, a altura
que lhe pertence.












"Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao principe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar".

(Baudelaire, trad, Ivan Junqueira)