Cinema, literatura e metalinguagem
(Eungyo - Coreia, 2012)
Quando a poesia na tela transcende à própria narrativa e quer mostrar, pela dinâmica
entre beleza, dor, desejo,criação e cotidiano, que tanto a vida quanto o verso
jamais são lineares e habitam o mundo variando entre incomensurável silêncio e ruidosa
potência antes de se tornarem arte.
A curiosidade do filme, que é coreano, uma adaptação do romance do escritor
Park Bum-Shin mas reflete intensamente -- em
alguns momentos literalmente-- estéticas e formas narrativas
muito próprias de alguns autores japoneses.
Um possível "olhar oriental"que transcende nacionalidade?
Uma tentação, esse vício de nós, ocidentais, atribuirmos um excesso de semelhança ao desconsiderarmos que, apesar de repleto de permeabilidades e histórias conjuntas, -- até por conta de reinos contíguos ou geminados que posteriormente se erigiram em nacionalidades e culturas próprias -- não se trata da mesma coisa.
Pegando bem de perto a China, a Coréia e o Japão de hoje, apenas pra citar os mais influentes países da região, a um olhar atento revelariam-se talvez muito mais as disparidades que as semelhanças, sem falar das inúmeras guerras e situações políticas em que estiveram envolvidos e que, em alguns casos, gera constrangimentos mútuos até os dias atuais.
Mas há semelhanças estruturais, não há dúvida. Deixando a China de lado, por uma série de fatores próprios, dentre os quais o notório fechamento ao ocidente por décadas, Japão e Coréia, também mais ocidentalizados, possivelmente têm mais semelhanças que diferenças de origem em suas vias culturais. E se, no cinema em geral, é hoje a Coréia quem dita os padrões das telas, diante de um relativo "sumiço" dos japoneses, na literatura a influência japonesa sobre os coreanos é bem notória e antiga, coisa que acaba transparecendo neste filme.
A proposta, aparentemente simples em sua filmagem, mas de conteúdo muito mais profundo na prospecção, põe na tela sob o tema geral da discussão literária, um outro diálogo sobre vida e morte, os efeitos do tempo, da beleza e do desejo como motores do texto. A disciplina na busca da realização pela arte é suficiente ou nada terá valido a pena se não houver o "toque da musa" no processo? Transpiração caminha bem sem inspiração? Dilema tão comum a nós, ocidentais, desde a antiga Grécia.
Os desencadeamentos desses pressupostos quando metabolizados no dia-a-dia e levados às vezes às trapalhadas do ridículo quando se descobre que ambas -arte e vida-não respeitam credenciais, método nem se deixam conduzir por qualquer fio lógico. Afetos, desejos, uma comédia dos erros em boa parte das ações e suas consequências imprevisíveis, como instabilidade emocional e ódios mal resolvidos dos individuos consigo mesmos, mas que acabam sendo de alguma forma projetados no mundo ao redor, quando este não lhes atende prontamente as vontades. A contradição latente entre texto e vivências, vontades e realidade, quando personagens se tornam mais reais que os vivos.
Isso, a construção desses personagens contraditórios, intempestivos e fatalistas --ressalvadas as diferenças de estilo e proposta -- está presente em muitos autores e momentos literários no Japão, e chama atenção para o texto do autor coreano por sua referência explícita. Desde o contemporâneo Murakami (, Norwegian Wood, IQ84)ao clássico Kawabata (Casa das belas adormecidas), passando pelo polêmico Nobel Junichiro Tanizaki ("Voragem" e "Diário de um velho louco"), Osamu Dazai (Declinio de um homem) e Ogai Mori (Vita Sexualis).
Para quem conhece um pouco dessa tradição, isso fica bem claro no desenrolar da trama , pela escolha do núcleo de roteiro e os encadeamentos dos diálogos, além da caracterização das personagens, aliás, com bela fotografia e boas atuações --detalhe notável do novo cinema coreano, em particular .
Se, pela pegada literária no tema, mostra-se mais a influência dos japoneses ,no cinema, por outro lado, na forma de construir visualmente uma narrativa, parece cada vez mais trilhar caminho próprio (mas isso é assunto para outra resenha).
No plano macro, o roteiro vai marcando as personagens e contextos com polêmicas que são comuns ao ambiente literário mundial, como: pulso e tendência do grande mercado editorial, -- em sua pegada tantas vezes industrial -- a busca obsessiva da obra-prima e do reconhecimento, e até a abordagem da formação esquálida de um público leitor contemporâneo cada vez mais prensado pela ausência típica do tempo disponível e desafeito ao exercício do pensamento em profundidade .
Em um plano mais íntimo , que envolve a relação das personagens entre si e suas próprias histórias individuais em choque ou convergência, é dai que vêm à tona as imensas e intempestivas variações subjetivas de perdas e ganhos nos jogos do amor, no conflito de egos, nas disparidades pessoais de como encarar a criação literária e conjugar isso como objetivo e foco dentro da própria vida, apesar dos constantes mal-entendidos que acabam virando cavalos de batalha ao permitirem desgastes desnecessários, na lida (endinheirada, no caso do mercado literário exposto) com a existência de ambições contraditórias norteadas pela completa irracionalidade que algumas vezes assume o comando e contrasta frontalmente o idealizado e meditativo "caminho do meio" , supostamente algo típico dos orientais.
Contudo, o eixo motor, e talvez a melhor pegada na direção é a contraposição entre valores universais/particulares de questões que perpassam a vida. Beleza/tempo, disciplina/caos , desejo/contenção, arte/visão comum. É o que faz com que um enredo aparentente simples salte aos olhos.
Tudo isso lembra muito os tipos característicos da literatura japonesa a partir do inicio do séc XX e suas complexidades, dentre os quais questões clássicas como o sentido da vida, o valor da arte, a idéia da disciplina como via necessária de acesso a um objeto, um talento ou a perda dele em benefício de um deixar fluir dos sentidos. Além das questões éticas e estéticas, traz também um embate delicado aceeca do equilíbrio entre gêneros, a presença forte da natureza exterior, seus movimentos e crises como analogia ao mundo humano em seus ritmos, a necessidade da via contemplativa agregada ao cotidiano e ainda , o lugar da mulher e a conquista ou perda de liberdade de expressão política, econômica e erótica numa cultura tradicionalmente patriarcal.
Temas fortemente presentes em diversos autores, mesmo vivendo e criando em diferentes épocas. Uma idéia de se ver na arte uma espécie de passaporte para a vida, seja contemplativa (influência forte do budismo e taoísmo) ou em fruição, a busca constante do aprimoramento pessoal, a necessidade de um cultivo do silêncio como remédio às atribulações do mundo (efeito visual tão recorrente aos numerosos jardins, lagos,vidros transparentes, tons de céu e nuvens, o efeito atrativo de todo o verde das cenas externas e até mesmo da beleza plástica delicada das mulheres e da culinária oriental)a busca da inspiração criativa na vida cotidiana , como se tomasse lugar em algum momento uma espécie de ansiosa busca de tudo aquilo que eventualmente pode se tornar inspiração , num ciclo benéfico.
Há muitas leituras possíveis, nessa perseguição do "lugar do belo" como possível fonte de inspiração, lembrando que isso, para os orientais muito influenciados pela filosofia xintoísta e derivações, não exclui o trágico nem a morte, diferindo bastante dos caminhos estéticos no ocidente. Esse "belo" aqui, mais semelhante á ideia de "sublime" para nós, não é propriedade exclusiva do humano. Pode estar numa coisa, um jardim, uma aurora, numa paisagem nevada de inverno. Mas o filme quer ir além, ao situar a eterna busca do motivo, quando a partir de algum momento nada mais parece justificar o movimento criador tornado indústria e o artista, saturado pelo desvio de foco e do caminho original pela arte, se encontra disperso entre o tédio e o charlatanismo puramente comercial, pressionado pelas editoras e a fama conquistada, sem encontrar outro propósito mais elevado justamente quando a vida caminha para seu fim.
Nesse momento, surgem outros problemas: a noção de que o criador e seu objeto nem sempre estão em sintonia ; porque eventualmente a própria realidade do mundo é mutante e tantas vezes enseja um outro olhar à medida em que a Terra gira; às vezes ele é que se torna o objeto de um outro olhar, num processo infinito e nem sempre pacífico, embora seja inegável seu pertencimento mútuo e mutante intercalando esses papéis.
Sujeito em seu próprio mundo e objeto para um outro olhar . Objeto para seus próprios desejos, inspirações e força criadora, que dele se apropriam como meios para um fim, como a lembrar que um artista jamais é um fim em si mesmo.
A noção de que o tempo não extingue o desejo nem uma crença na aceitação do trágico e do destino, quando a racionalidade não mais se aplica ao mundo a partir de um certo momento e as questões materiais ou afetivas, amorosas, sexuais, tudo que não pode ser medido ou previsto, ameaça virar a alardeada medida oriental do equilíbrio de ponta-cabeça, em um total desespero pela impossibilidade do controle do processo criativo como de resto da própria vida.
Beleza de filme, misturando a nova arte do cinema coreano, ao retratar com intensidade e com recurso de metalinguagem muitas questões que envolvem a criação e divulgação artística e literária, além de propor um debate profundo sobre a possibilidade de se conceituar e graduar (ou não) a arte, o questionamento da idéia de "talento artístico" diante do mercado impositivo, tudo a ensejar o surgimento de uma bela metáfora sobre a percepção da mortalidade e do papel da arte como intensificador do viver e sinalizando: na trombada constante do mundo em nós ,seus consequentes ou inconsequentes cortes e fraturas, enquanto houver arte, haverá vida.
Quando a poesia na tela transcende à própria narrativa e quer mostrar, pela dinâmica
entre beleza, dor, desejo,criação e cotidiano, que tanto a vida quanto o verso
jamais são lineares e habitam o mundo variando entre incomensurável silêncio e ruidosa
potência antes de se tornarem arte.
A curiosidade do filme, que é coreano, uma adaptação do romance do escritor
Park Bum-Shin mas reflete intensamente -- em
alguns momentos literalmente-- estéticas e formas narrativas
muito próprias de alguns autores japoneses.
Um possível "olhar oriental"que transcende nacionalidade?
Uma tentação, esse vício de nós, ocidentais, atribuirmos um excesso de semelhança ao desconsiderarmos que, apesar de repleto de permeabilidades e histórias conjuntas, -- até por conta de reinos contíguos ou geminados que posteriormente se erigiram em nacionalidades e culturas próprias -- não se trata da mesma coisa.
Pegando bem de perto a China, a Coréia e o Japão de hoje, apenas pra citar os mais influentes países da região, a um olhar atento revelariam-se talvez muito mais as disparidades que as semelhanças, sem falar das inúmeras guerras e situações políticas em que estiveram envolvidos e que, em alguns casos, gera constrangimentos mútuos até os dias atuais.
Mas há semelhanças estruturais, não há dúvida. Deixando a China de lado, por uma série de fatores próprios, dentre os quais o notório fechamento ao ocidente por décadas, Japão e Coréia, também mais ocidentalizados, possivelmente têm mais semelhanças que diferenças de origem em suas vias culturais. E se, no cinema em geral, é hoje a Coréia quem dita os padrões das telas, diante de um relativo "sumiço" dos japoneses, na literatura a influência japonesa sobre os coreanos é bem notória e antiga, coisa que acaba transparecendo neste filme.
A proposta, aparentemente simples em sua filmagem, mas de conteúdo muito mais profundo na prospecção, põe na tela sob o tema geral da discussão literária, um outro diálogo sobre vida e morte, os efeitos do tempo, da beleza e do desejo como motores do texto. A disciplina na busca da realização pela arte é suficiente ou nada terá valido a pena se não houver o "toque da musa" no processo? Transpiração caminha bem sem inspiração? Dilema tão comum a nós, ocidentais, desde a antiga Grécia.
Os desencadeamentos desses pressupostos quando metabolizados no dia-a-dia e levados às vezes às trapalhadas do ridículo quando se descobre que ambas -arte e vida-não respeitam credenciais, método nem se deixam conduzir por qualquer fio lógico. Afetos, desejos, uma comédia dos erros em boa parte das ações e suas consequências imprevisíveis, como instabilidade emocional e ódios mal resolvidos dos individuos consigo mesmos, mas que acabam sendo de alguma forma projetados no mundo ao redor, quando este não lhes atende prontamente as vontades. A contradição latente entre texto e vivências, vontades e realidade, quando personagens se tornam mais reais que os vivos.
Isso, a construção desses personagens contraditórios, intempestivos e fatalistas --ressalvadas as diferenças de estilo e proposta -- está presente em muitos autores e momentos literários no Japão, e chama atenção para o texto do autor coreano por sua referência explícita. Desde o contemporâneo Murakami (, Norwegian Wood, IQ84)ao clássico Kawabata (Casa das belas adormecidas), passando pelo polêmico Nobel Junichiro Tanizaki ("Voragem" e "Diário de um velho louco"), Osamu Dazai (Declinio de um homem) e Ogai Mori (Vita Sexualis).
Para quem conhece um pouco dessa tradição, isso fica bem claro no desenrolar da trama , pela escolha do núcleo de roteiro e os encadeamentos dos diálogos, além da caracterização das personagens, aliás, com bela fotografia e boas atuações --detalhe notável do novo cinema coreano, em particular .
Se, pela pegada literária no tema, mostra-se mais a influência dos japoneses ,no cinema, por outro lado, na forma de construir visualmente uma narrativa, parece cada vez mais trilhar caminho próprio (mas isso é assunto para outra resenha).
No plano macro, o roteiro vai marcando as personagens e contextos com polêmicas que são comuns ao ambiente literário mundial, como: pulso e tendência do grande mercado editorial, -- em sua pegada tantas vezes industrial -- a busca obsessiva da obra-prima e do reconhecimento, e até a abordagem da formação esquálida de um público leitor contemporâneo cada vez mais prensado pela ausência típica do tempo disponível e desafeito ao exercício do pensamento em profundidade .
Em um plano mais íntimo , que envolve a relação das personagens entre si e suas próprias histórias individuais em choque ou convergência, é dai que vêm à tona as imensas e intempestivas variações subjetivas de perdas e ganhos nos jogos do amor, no conflito de egos, nas disparidades pessoais de como encarar a criação literária e conjugar isso como objetivo e foco dentro da própria vida, apesar dos constantes mal-entendidos que acabam virando cavalos de batalha ao permitirem desgastes desnecessários, na lida (endinheirada, no caso do mercado literário exposto) com a existência de ambições contraditórias norteadas pela completa irracionalidade que algumas vezes assume o comando e contrasta frontalmente o idealizado e meditativo "caminho do meio" , supostamente algo típico dos orientais.
Contudo, o eixo motor, e talvez a melhor pegada na direção é a contraposição entre valores universais/particulares de questões que perpassam a vida. Beleza/tempo, disciplina/caos , desejo/contenção, arte/visão comum. É o que faz com que um enredo aparentente simples salte aos olhos.
Tudo isso lembra muito os tipos característicos da literatura japonesa a partir do inicio do séc XX e suas complexidades, dentre os quais questões clássicas como o sentido da vida, o valor da arte, a idéia da disciplina como via necessária de acesso a um objeto, um talento ou a perda dele em benefício de um deixar fluir dos sentidos. Além das questões éticas e estéticas, traz também um embate delicado aceeca do equilíbrio entre gêneros, a presença forte da natureza exterior, seus movimentos e crises como analogia ao mundo humano em seus ritmos, a necessidade da via contemplativa agregada ao cotidiano e ainda , o lugar da mulher e a conquista ou perda de liberdade de expressão política, econômica e erótica numa cultura tradicionalmente patriarcal.
Temas fortemente presentes em diversos autores, mesmo vivendo e criando em diferentes épocas. Uma idéia de se ver na arte uma espécie de passaporte para a vida, seja contemplativa (influência forte do budismo e taoísmo) ou em fruição, a busca constante do aprimoramento pessoal, a necessidade de um cultivo do silêncio como remédio às atribulações do mundo (efeito visual tão recorrente aos numerosos jardins, lagos,vidros transparentes, tons de céu e nuvens, o efeito atrativo de todo o verde das cenas externas e até mesmo da beleza plástica delicada das mulheres e da culinária oriental)a busca da inspiração criativa na vida cotidiana , como se tomasse lugar em algum momento uma espécie de ansiosa busca de tudo aquilo que eventualmente pode se tornar inspiração , num ciclo benéfico.
Há muitas leituras possíveis, nessa perseguição do "lugar do belo" como possível fonte de inspiração, lembrando que isso, para os orientais muito influenciados pela filosofia xintoísta e derivações, não exclui o trágico nem a morte, diferindo bastante dos caminhos estéticos no ocidente. Esse "belo" aqui, mais semelhante á ideia de "sublime" para nós, não é propriedade exclusiva do humano. Pode estar numa coisa, um jardim, uma aurora, numa paisagem nevada de inverno. Mas o filme quer ir além, ao situar a eterna busca do motivo, quando a partir de algum momento nada mais parece justificar o movimento criador tornado indústria e o artista, saturado pelo desvio de foco e do caminho original pela arte, se encontra disperso entre o tédio e o charlatanismo puramente comercial, pressionado pelas editoras e a fama conquistada, sem encontrar outro propósito mais elevado justamente quando a vida caminha para seu fim.
Nesse momento, surgem outros problemas: a noção de que o criador e seu objeto nem sempre estão em sintonia ; porque eventualmente a própria realidade do mundo é mutante e tantas vezes enseja um outro olhar à medida em que a Terra gira; às vezes ele é que se torna o objeto de um outro olhar, num processo infinito e nem sempre pacífico, embora seja inegável seu pertencimento mútuo e mutante intercalando esses papéis.
Sujeito em seu próprio mundo e objeto para um outro olhar . Objeto para seus próprios desejos, inspirações e força criadora, que dele se apropriam como meios para um fim, como a lembrar que um artista jamais é um fim em si mesmo.
A noção de que o tempo não extingue o desejo nem uma crença na aceitação do trágico e do destino, quando a racionalidade não mais se aplica ao mundo a partir de um certo momento e as questões materiais ou afetivas, amorosas, sexuais, tudo que não pode ser medido ou previsto, ameaça virar a alardeada medida oriental do equilíbrio de ponta-cabeça, em um total desespero pela impossibilidade do controle do processo criativo como de resto da própria vida.
Beleza de filme, misturando a nova arte do cinema coreano, ao retratar com intensidade e com recurso de metalinguagem muitas questões que envolvem a criação e divulgação artística e literária, além de propor um debate profundo sobre a possibilidade de se conceituar e graduar (ou não) a arte, o questionamento da idéia de "talento artístico" diante do mercado impositivo, tudo a ensejar o surgimento de uma bela metáfora sobre a percepção da mortalidade e do papel da arte como intensificador do viver e sinalizando: na trombada constante do mundo em nós ,seus consequentes ou inconsequentes cortes e fraturas, enquanto houver arte, haverá vida.