Séries 2020

 



"O Gambito da rainha": O acerto em ser minimalista, fotografia primorosa, 
direção de arte e roteiro impecável.
Elenco preciso, sem exageros, sem a aposta em megaestrelas.
O trabalho das jovens atrizes, que já fica na história das melhores  interpretações.
O mérito incrível de fazer interessante o universo hermético e tantas 
vezes cinzento do xadrez, expondo por
tabela a histórica rivalidade entre superpotências durante
a guerra fria, EUA x UNIÃO SOVIÉTICA, mantendo o olhar crítico
mas sem se tornar panfletário.
A poesia de mostrar de forma colorida a relação apaixonada
do povo russo com esse jogo mágico
Guardem esse nome: Annya-Taylor Joy
Beleza de série, uma ótima surpresa  neste fim de ano.



Inteligente e de roteiro instigante, fala sobre engenharia genética
e pirataria, espionagem industrial e muita ação. Trabalho fantástico da atriz Tatiana Maslany




Trabalho de atores muito bom, e uma elaboração de roteiro
muito foda. Consegue manter o ritmo desde o início, evitando
a tendência natural de repetição


"Bojack Horseman": Surpreendente, sarcástico até a última gota. Uma das
séries mais criativas de animação


A produção é de primeiro mundo, muito dinheiro pra rodar a série. 
Mas eu esperava mais , por conta do texto forte do escritor Philip K. Dick, da qual foi adaptada, um dos melhores do gênero.
Na tela, contudo, não consegue manter nem de longe a atmosfera
do romance. 
Elenco ruim, não tem química entre personagens/atores,
o ritmo é extremamente lento e  há muitas lacunas entre sequências de ação.
Para tentar compensar, investe numa supervalorização de cenas banais sem qualquer desdobrament. O mocinho e a protagonista formam o casal mais insosso das séries amazônicas.


Baseado no texto de ninguém menos que Bernard Cornwell, um dos maiores do gênero "romance histórico". 
A adaptação nas telas foi muito bem feita
Competente e original (!!) nas difíceis cenas de ação, ótimas histórias pautadas na sólida  historiografia inglesa no período
da invasão pelos Normandos e no relato das sanguinárias guerras.
 Lembra um pouco, no formato,
a excepcional série "Vikings", mas o contexto é bem diferente


"Perdidos no espaço": A previsível e difícil missão de tentar reproduzir
um clássico da ficção dos anos 60, traz também
todos os problemas de narrar a cada capítulo uma aventura 
inteiramente diferente e autõnoma e ao mesmo tempo
dar conta de construir aspectos da vida de uma família
tipicamente americana em um universo distante.
Não é ruim (a primeira temporada, inclusive, esteve bem acima
das expectativas), tem muitos e bons efeitos especiais e trabalho de computação gráfica, mas tudo indica não deve ter muito fôlego mais pra continuar.



"Easy': temas contemporãneos e interessantes,
A idéia é boa e já houve outras coisas nesse sentido exploradas principalmente em filmes,
mas ficou meio amador na série o tratamento desses assuntos.
Esse lance de passear por contextos cool e no dia-a-dia, falando sobre
contemporaneidades, tem que ter malícia pra não soar lugar-comum demais.
A produção é boa e as locações também, mas o conteúdo dos diálogos
deixa muito a desejar, pelo exagero e não pela falta.
Ainda mais quando o andamento faz a opção de enveredar pela "coisa" 
americana urbana em vez de ir buscar um ar mais universal, e vamo combinar: 
americano é um povo chato do carai. Cenas bem filmadas,
bons atores, mas com o revés dos diálogos artificiais
meio forçação de barra que nunca existem na vida real e acabaram
virando a moda celebrada por  filmes como" História de um casamento", onde Noah Baumbach
estragou o original de Ingmar Bergman recentemente.

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Das séries apenas tentadas, mas que não decolaram pra mim, por falta de paciência, gosto ou ambos
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- Dark (mistura ruim de "Stranger Things" com "Lost", "Donnie Darko"
 e pedaços de "A bruxa de Blair")
- La casa de papel, sequência: pé no saco. Já deu
- Sense 8 (assisti tudo, e até agora estou tentando entender por quê). Cenas bem gravadas, muito profissionalismo no sentido técnico, bons atores e tudo mais, mas acho foi sem dúvida o pior roteiro que vi até hoje na minha vida numa série. Tem hora que simplesmente a história se perde e os próprios personagens parecem nem saber mais onde estão nem qual o seu destino. A segunda temporada chega a ser deprimente.
- The Witcher : de novo, uma mistura : Senhor dos anéis, Last Kingdon, Harry Potter e algo antológico do Conan-Schwarzenegger dos anos 80. 
Com a diferença que Conan era bom.
- Lucifer: um "Sherlock" que veio direto do inferno,  mal resolvido e piadista. 
Pra piorar, ainda tem poderes de X-men. Quem aguenta? coisa de adolescente
- Alias Grace: não vou nem comentar. Das coisas que você assiste
até o fim só porque é mesmo uma pessoa muito sem noção. Pior série da Netflix até hoje,
sobre um tema até interessante que, se alguém se importasse de verdade, poderia fazer dela algo que prestasse. Quando vc percebe que vai terminar aonde termina, dá vontade de quebrar a tv (ou a cabeça, a essas alturas tanto faz).
- Black list:  Em termos de comparação televisiva,
seria daquelas séries baratas que a Globo comprava anos atrás para passar
à noite, durante o período de férias de verão, 
 depois de toda a programação regular na tv
-O mecanismo: assisti só pra ver o impacto da vergonha alheia. 
Nada como a história e um dia após o outro pra desmascarar golpes
- Dilema; tema interessante, bons atores, mas tudo emburaca
quando esbarra no tal moralismo provinciano classemedista dos tio-sâmicos
- Frontier: a coisa mais violenta que já vi na tv, mas a narrativa é muito fraca.
O que salva é a fotografia de paisagens.