Minha instante neste estante
Nietzsche, por Roberto Machado
Proust, por Nabokov
Proust falando sobre o tempo
Os Poetas profetas, por Octavio Paz
Camus falando sobre a revolta necessária
Sartre falando sobre Camus
Sartre falando de qualquer coisa
Cortázar falando sobre bicicletas
Cortázar falando de qualquer coisa
Bento Prado sobre bois, marcianos e sereias
Haroldo de Campos sobre Pagu
Nietzsche sobre Hölderlin
Nietzsche falando sobre a vida
Huxley sobre os estados psicológicos
e o inexplorado que reside no humano
Manoel de Barros sobre passarinho
Cacaso sobre as formas de amar
Borges sobre a imortalidade
Barthes sobre a luz e seus efeitos
Baudelaire sobre Edgar Allan Poe
Baudelaire falando sobre qualquer assunto
Rilke sobre Rodin
Bandeira sobre a vida
Thomas Mann sobre a música
Jens Peter Jakobsen sobe melancolia
Thomas Bernard sobre niilismo
Henry Miller sobre o corpo, teatro, pinturas
sexo, boxe, trabalho, ciências, comida e
sobre Anäís Ninn. Miller tagarelando
sobre o que lhe der na telha
Sophia Breyner sobre o mar
Poe celebrando o infinito do imaginário
Chacal sobre as loucuras da noite carioca
que nunca terminam - nem a noite nem as loucuras
JGR falando sobre o sertão e suas veredas
Rilke sobre o teor surreal da vida quando
todos os sentidos se aguçam , em Malte Laurids Brigge
Herberto Helder falando de si mesmo
sem ninguém saber o quanto o si-mesmo
é uma espécie de universo no que contém
e como ao mesmo tempo não é a cópia do
universo exterior, mas uma outra coisa
Goethe falando sobre tudo, do café da manhã
em Veneza , das esculturas renascentistas de Roma
das curvas deliciosas da moça à beira do lago
às neves eternas dos alpes suíços
Goethe falando sobre tudo que o rodeia
Emily Dickinson falando sobre a solidão
Tsvaeteva falando sobre a potência do amor
que desafia todo tipo de morte e como isso
ainda prevalece mesmo no fim do mundo
Todorov falando sobre Rilke e Oscar Wilde
Whitman sobre as folhas de relva, sendo a relva
tudo o mais que existe no planeta
Garcia-Marques falando sobre as cores e temperos
do sangue latino
Drummond falando sobre homens, mulheres e crianças
e em como é possível ter tantas vidas numa só existência
Mário lecionando como o intelecto não precisa ser cinza
Carlinhos de Oliveira cutucando a ferida pra mostrar
como às vezes só os loucos sabem mais da vida
Rubem Braga ensinando como experiência pode agregar delicadezas
Rubem Alves mostrando que espírito é
um outro nome da matéria quando
ela se descabe de si e incendeia
As incongruências, contradições, desesperos e
inconsequências da mente humana por Dostoiévski
A força que amalgama tudo numa só vontade
e com isso movimenta o mundo
por Oswald
Tolstói lembrando que não apenas a história é
de suma importância, mas mais que isso,
a essencial atenção que se deve ter à forma
com que a história é interpretada
Saramago sempre sério atuando contra a cegueira
Coetzee ensinando a não sucumbir mesmo quando
o ao-redor do Estado e das más políticas se tornam esmagadores contra o peito
Hilda desafiando a vida com mais vida condensada
Graciliano falando da dureza das pedras
Machado dizendo que é sim, possível
Cabral mostrando que pedra também sente
e fala, e ouve, e se comunica
e Suassuna segue o prumo pra confirmar
que ele não mentia
William Blake, Novalis, Shelley e Wordsworth
apontando para o brilho misterioso qeu tudo ronda,
e a transcendência de todas as coisas
Paulo Henriques Britto dizendo que na verdade não
há transcendência alguma, nem qualquer mistério
os olhos é que se acostumaram a olhar errado
Homero narrando a volta pra casa depois da batalha
uma volta que na verdade nunca cessa porque é Odisséia
Lygia falando da vida como é bela, e em como
essa força em maior grau se realiza pela finitude
Célan nos lembrando do que não se pode esquecer
Cervantes ensinando que chata é a vida, e pequena
sem o mágico grão de loucura