Pescando bagres
Barra de Itapemirim, num dia desses.
Gaivotas, muitas. Dando rasantes na beira
Catando resto de peixes da rede estendida
Os cascos dos barcos emborcados na areia
tomando sol. O forte cheiro do sal e da maresia cortando o ar. Cheiro do diesel dos motores e tinta fresca num pequeno estaleiro mais afastado
Nomes de mulheres, pintados nas proas, e alguns nomes de santos : Evelyse, Tia Joana, Flores de Iemanjá, Nossa Senhora dos Navegantes, Santa Clara
Naquele tempo me pareciam grandes
navios descansando depois do temporal
Solenes, gigantes guerreiros em honorável silêncio. Medo de imaginar até onde teriam
ido, dias e dias na pesca sem ver terra
E agora jaziam calmos e se recompondo
como recém-chegados da luta
contra Moby Dick
Atarefados, nós, na venda de beira-cais. Biscoitos
e café, suco, maçãs numa sacola, balas.
Camarões amarrados no gancho, chumbada
pesada demais para a modalidade de pesca
Pai: joga a chumbada, filho
Filho: mas não lanço muito longe, pai
Pai: joga assim mesmo que o peixe vem buscar
Filho: tá garrando o anzol nas pedra, pai
Pai: toma o meu molinete que vai dar, joga
além da arrebentação que o anzol não volta
(Vem bagrinho, vem mais um vem outro maior
o embornal cheio em algumas horas.
--Hoje a fritada vai ser boa, com Guaraná).
O sol mediando o dia. Aberto, eloquente, bonito
Em casa, fim de tarde na foto Kodak, posando os homens da casa, com o sustento do dia na fieira